Por Roberto Gordilho*

Atualmente os hospitais privados estão passando por uma grande crise com perda de mais de 50% do faturamento em função da suspensão por muitas operadoras das autorizações para procedimentos eletivos e do medo gerado nas pessoas pelo efeito coronavírus. 

Este cenário está forçando os hospitais a alterar significativamente suas estratégias para focar em sobrevivência e ajustar a operação para suportar o período de crise que durará ainda entre 3 e 5 meses.

Em paralelo, a crise está gerando um cenário de futuro completamente diferente do que ficou para trás de fevereiro deste ano. Está se intensificando o uso de tecnologias digitais, busca desenfreada por eficiência, transformação do perfil do cliente, possibilidade de novas formas de trabalho, entre outras. A sociedade está mudando e esta mudança gerará uma transformação profunda em como as pessoas encaram sua saúde e a relação com os prestadores de serviços de Saúde, principalmente os hospitais. 

Este processo de transformação implica na necessidade de criar uma estratégia de superação da crise através do ajuste da operação. Além disso, é preciso buscar construir um novo modelo de gestão focado em manter a relevância no cenário futuro que está sendo construído neste momento de crise.

Revolução

Estamos vivendo uma antecipação de futuro. Muito da transformação que aconteceria de forma lenta e gradual nos 5 anos futuros vai acontecer de forma abrupta nos próximos 5 meses. E as organizações precisam encarar de frente e resolver seus problemas históricos de gestão.

O modelo tradicional de gestão que já estava sendo questionado ruiu de vez com a crise atual. As instituições precisam implantar um novo modelo baseado em eficiência, meritocracia, inovação, resultado e que estabeleça uma nova relação com seus clientes. A construção e implantação deste modelo vai requerer habilidades, conhecimentos e competências diferentes das requeridas até aqui.

Os profissionais que ocupam funções de liderança e gestão em todos os níveis nas organizações de Saúde precisam atualizar suas competências, conhecimentos e habilidades para continuarem relevantes e manter a sua empregabilidade.

Temas como estratégia, liderança, gestão de pessoas, de processos e tecnologias de gestão fazem parte do vocabulário das instituições que estão buscando se adaptar aos novos tempos. Gestão ágil, inovação, empreendedorismo e transformação digital se incorporaram de forma ativa no cardápio.

Vai sobreviver a instituição que conseguir rapidamente se adaptar aos novos tempos e entender que o mundo que ficou para trás em fevereiro de 2020 não retornará. Se o mundo vindouro é melhor ou pior ainda não sabemos, mas já existe uma grande certeza, será diferente.

*Roberto Gordilho é CEO da GesSaúde, professor, palestrante, apresentador do Canal GesSaúde no Youtube e autor do livro Maturidade de Gestão Hospitalar e Transformação Digital, os caminhos para o futuro da Saúde. (www.robertogordilho.com.br)