Autotransfusão reduz transfusões de sangue em cirurgias cardíacas no HCor

Procedimento consiste na recuperação do sangue do próprio paciente, que, normalmente, é “perdido” durante cirurgias de grande porte, o que diminui a possibilidade de transfusões de sangue de doadores

Médicos do banco de sangue e cirurgiões cardíacos do Hospital do Coração (HCor) publicaram um estudo no jornal médico Hematology, Transfusion and Cell Therapy sobre a utilização de uma processadora celular de sangue (cell saver) em cirurgias cardíacas. Esse procedimento consiste na recuperação do sangue do próprio paciente, que, normalmente, é “perdido” durante cirurgias de grande porte – possibilita que o sangue seja processado e reinfundido após alguns minutos –, o que diminui a possibilidade de transfusões de sangue de doadores. Com isso, há uma grande redução das complicações e dos riscos transfusionais.

De acordo com o coordenador do Banco de Sangue do HCor, Sergio Domingos Vieira, o estudo demonstrou que o procedimento é eficaz, seguro e apresenta níveis insignificantes de heparina residual (substância anticoagulante do sangue). “Este estudo foi aprovado pelo IP HCor no prazo de 36 meses, com a inclusão de 12 pacientes submetidos a cirurgias cardíacas de grande porte. Foram recuperados 32.027 ml de sangue dos pacientes, o que equivale a 18,5 unidades de sangue autólogas. Em 25% dos pacientes não houve a necessidade de transfusão de sangue de doadores”, esclarece Vieira.

Ele também enfatiza que essa técnica traz uma enorme segurança não só ao paciente, mas para toda a equipe cirúrgica, pois promove o retorno imediato do sangue do próprio paciente, bem como diminui a necessidade da transfusão de doadores e suas possíveis reações e efeitos adversos. “Este procedimento é importante tanto para pessoas que têm alguma incompatibilidade sanguínea quanto para aquelas que, por qualquer motivo, se recusam a receber transfusão”, explica.

O procedimento é realizado pelo equipamento cell saver. “Com a utilização do equipamento cell saver, diminui-se a necessidade de hemotransfusão, o que, dentro da cirurgia cardíaca, é um grande feito por conta do pós-operatório com menor risco de complicações e mortalidade. Sem a hemotranfusão, o paciente tem alta hospitalar mais cedo, além de não correr riscos de complicações, infecções ou reações inflamatórias”, finaliza Vieira.