Conheça o processo de produção do oxigênio hospitalar

Asian elderly woman wearing wool hat with oxygen mask to breathing while lying on patient bed, senior female medical and healthcare concept

Produto, que se tornou um dos itens mais valiosos durante a pandemia, é produzido a partir do ar atmosférico por meio de um processo de destilação criogênica

O gás oxigênio é um dos produtos mais utilizados nos hospitais. Nas unidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), por exemplo, foram gastos aproximadamente 169 mil m³ somente no mês de março deste ano. Durante a pandemia, a tendência é que esse consumo seja maior devido à importância do produto no tratamento de pacientes com Covid-19.

Responsável por suprir a demanda de oxigênio no corpo humano, é importante que o produto tenha níveis elevados de pureza. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que o valor utilizado na versão hospitalar seja de 99%. No entanto, durante a pandemia, chegou a permitir redução desse índice para 95%. Essa medida teve como objetivo permitir que a produção das empresas fosse capaz de atender à crescente demanda.

Juliana Sales é professora das disciplinas voltadas para a físico-química no curso de Engenharia Química no Centro Universitário Newton Paiva . Segundo ela, a pureza do gás é o que diferencia o oxigênio hospitalar do industrial. O oxigênio é obtido industrialmente por meio do processo de destilação criogênica, isto é, que envolve baixas temperaturas. A matéria-prima dessa produção é o ar atmosférico, que tem aproximadamente 20% de oxigênio em sua composição.

“Após a captação na atmosfera, o ar é comprimido e resfriado até se liquefazer. Em seguida, já no estado líquido, ele é enviado a uma torre de destilação onde os principais componentes, nitrogênio e oxigênio são separados. Como estes gases têm pontos de ebulição diferentes, o nitrogênio – mais volátil, evapora primeiro, possibilitando o isolamento do oxigênio com alta pureza, que é armazenado em cilindros ou em tanques criogênicos para ser enviado às unidades de saúde”, explica.

Segundo Juliana, outra particularidade da produção do oxigênio hospitalar é o processo de filtração. “A Anvisa também exige que esse oxigênio tenha baixíssimos níveis de água e de contaminantes orgânicos, como o monóxido e dióxido de carbono. Por isso, antes de ir para as torres de destilação, todas as impurezas que se encontram em suspensão devem ser retiradas”, explica a professora da Newton Paiva .

Na avaliação de Juliana, a indústria química dispõe de tecnologias para atender à demanda hospitalar de oxigênio. Isso se deve principalmente à disponibilidade abundante de matéria-prima. No entanto, o receio da especialista diz respeito à logística e localização das instalações das plantas de produção de oxigênio. “Por se tratar de um gás ou mesmo em sua forma liquefeita, o oxigênio exige condições específicas de armazenamento e transporte. Sua distribuição adequada exige um bom planejamento prévio, considerando a localização das plantas e a dimensão continental do Brasil”, finaliza.
Crédito da imagem: Freepik

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