Estudo da The Economist mostra o impacto da obesidade infantil e adolescente aos cofres públicos

Obese boy who is overweight on a pink background.

Relatório analisou o impacto econômico da obesidade juvenil em três países da América Latina. O Brasil aparece em primeiro lugar, como o país com maior custo com a doença, mais de R$ 2 bilhões somente em 2020. Quadro pode ser revertido com a implantação de ações para prevenção da doença.

A obesidade infantil e adolescente tem representado importante impacto nas economias públicas da América Latina. Estima-se que a obesidade tenha custado USD$ 28 bilhões para os sistemas de saúde do Brasil, Chile e Colômbia, apenas em 2020, dos quais USD$ 1,2 bilhão foram diretamente atribuíveis a adultos que viveram com obesidade na adolescência. O custo total da obesidade em adolescentes é mais alto no Brasil, com USD$ 818 milhões – mais de R$ 2 bilhões/ano.

Sem intervenção, o custo cumulativo de adultos vivendo com obesidade desde a adolescência chegará a USD$ 19 bilhões, no horizonte de dez anos, o que por si só equivale a 1% do PIB nominal atual desses países. Esses dados estão no relatório produzido pela The Economist Intelligence Unit (EIU), em parceria com a Novo Nordisk, que conduziu programa de pesquisa sobre o custo da inação sobre a obesidade na adolescência, bem como o potencial impacto econômico de reverter esse cenário, em três mercados emergentes na América Latina: Brasil, Chile e Colômbia. O estudo também teve como objetivo auxiliar os formuladores de políticas, organizações de saúde e o setor privado a trabalharem em conjunto para enfrentar a crescente ameaça da obesidade na adolescência.

No Brasil, a pesquisa contou com a participação de especialistas do Hospital Israelita Albert Einstein (Brasil), do Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), do Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde, do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares, do Instituto Pensi, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (Hospital Infantil Sabará) e do Departamento de Especialidade em Epidemiologia, Epidemiologia Nutricional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A análise do relatório também mostra que intervenções baseadas em evidência, como o tratamento médico multidisciplinar, para controlar a obesidade em adolescente afetados, podem economizar USD$ 4 bilhões cumulativamente em gastos com saúde, ao longo de dez anos.

“Para reverter o curso, intervenções que promovam hábitos alimentares saudáveis e atividade física regular devem ser implantadas desde cedo. As estratégias incluem regulamentação da comercialização de alimentos não saudáveis, com alto teor calórico, incentivo a atividades físicas na escola e exigência de rotulagem alimentar e nutricional”, diz o gerente geral da Economist Impact para o Brasil, Marcio Zanetti. De acordo com Zanetti, o sucesso dessas intervenções depende de ambientes de políticas favoráveis nos países em que a pesquisa ocorreu (Bolívia, Chile e Brasil).

Para além da formulação de políticas públicas efetivas e do incentivo à alimentação saudável desde cedo, Simone Tcherniakovsky, diretora de Acesso, Relações Institucionais e Comunicação da Novo Nordisk, afirma a necessidade da implementação de campanhas de educação e informação sobre obesidade infantil e suas consequências, caso não seja tratada logo de forma adequada. “Campanhas de educação podem ajudar o público a entender a obesidade e os problemas associados a ela. Existem conceitos errôneos generalizados sobre a obesidade na população brasileira, que tendem a ver a vê-la como um indicador de boa saúde. Iniciativas de comunicação simples, dirigidas aos pais, que incentive hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de exercícios físicos, além de atendimento médico multidisciplinar, podem ajudar a mudar esse cenário”.

Leia o relatório completo AQUI.

Obesidade atinge cerca de 40% dos jovens na região sudeste

Hoje, mais crianças e adolescentes vivem com obesidade do que nunca no mundo. Nos últimos 40 anos, o número desses jovens aumentou dez vezes, de 11 milhões, em 1976, para 124 milhões, em 2016. No Brasil, somente na região sudeste, segundo dados do Ministério da Saúde, o excesso de peso na infância atingiu em 2018 quase 40% dessa população. Além disso, é importante ressaltar que mais de 80% das crianças que tiveram obesidade continuam com a doença na idade adulta.

Para reverter esta situação, intervenções que promovam hábitos alimentares saudáveis, a prática regular de exercício físico e tratamento médico multidisciplinar devem ser implantadas desde cedo. As estratégias incluem regulamentação da comercialização de alimentos não saudáveis com alto teor calórico, com incentivo à atividade física na escola e exigência de rotulagem alimentar e nutricional. Vale lembrar que, em agosto, Projeto de Lei (PL) 1.662/2019, que proíbe a venda de produtos ultraprocessados e bebidas açucaradas nas escolas, foi aprovado em primeira discussão pela Câmara dos Vereadores do município do Rio de Janeiro (RJ).

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