Mais de 2 bilhões de pessoas, sobretudo de países de baixa e média renda, têm dificuldade de acesso a saúde, indica BCG

Doctor at work in the hospital

Cerca de 70% das prioridades de pesquisa e desenvolvimento dessas regiões não são atendidas

Estudos recentes conduzidos pelo Boston Consulting Group (BCG) evidenciam a disparidade encontrada no setor de saúde em âmbito mundial. A resolução dessa dificuldade de acesso à assistência médica e a medicamentos essenciais – que afeta mais de 2 bilhões de pessoas, sobretudo de países de baixa e média renda (LMICs) – é uma prioridade na agenda estratégica de empresas farmacêuticas e de tecnologias e dispositivos médicos (medtechs).

Conforme apresentado na pesquisa How Biopharma Can Make a Difference in Health Equity, mesmo com o progresso já feito em equidade na saúde – mais de 50% das biofarmacêuticas têm planos formais e metas para diminuir as desigualdades, 75% rastreiam métricas relacionadas a isso e mais de 70% dos produtos são cobertos por pelo menos uma estratégia de acesso em países de baixa e média renda – ainda existe um longo caminho para a adoção de soluções concretas nessa direção.

O BCG estima que a condições críticas de saúde aumentem até três vezes mais rápido nos LMICs do que nos países de alta renda ao longo das próximas quatro décadas. Até porque cerca de 70% das prioridades de pesquisa e desenvolvimento das regiões de baixa e média renda, incluindo cuidados no período de maternidade e com doenças infecciosas, permanecem não atendidas, enquanto medicamentos são seis vezes mais propensos a serem aprovados para uso em regiões com maior poder aquisitivo.

“As particularidades das populações e dos sistemas de saúde dos países de baixa e média renda, a dificuldade de aprovações regulatórias, a questão da acessibilidade financeira e as barreiras de adoção, como escassez de mão de obra qualificada, são desafios a serem superados. Por isso, é essencial a colaboração com diferentes partes interessadas, incluindo governos, empresas locais, organizações não governamentais e sociedade civil para que resultados significativos sejam alcançados”, indica Filipe Mesquita, diretor executivo e sócio do BCG.

De acordo com ele, para mitigar as barreiras existente, líderes da indústria da saúde também podem adotar medidas estratégicas como segmentar os mercados alvo de forma mais precisa, fazer parcerias e compartilhar oportunidades com players locais, identificar eficiências operacionais entre geografias e manter um compromisso contínuo com o avanço do setor em todo o planeta.

Ademais, compreendendo que as desigualdades na saúde são influenciadas por diversos fatores, como condições socioeconômicas, ambientais, qualidade e disponibilidade de assistência médica, o levantamento Making Medtech More Equitable revela que 98% dos executivos da área reconhecem o impacto de seus negócios nas assimetrias de saúde e 90% relatam a execução de planos para lidar com essa questão. No entanto, desafios estão surgindo no processo de implementação dessas estratégias, com “outras prioridades imediatas” e “falta de um business case” sendo os que mais se destacam.

“As empresas do setor de saúde têm o desafio e a responsabilidade de atuar de forma proativa na promoção da equidade, visando um impacto positivo e duradouro na vida das pessoas. Para efetivamente promover isso, no entanto, é essencial aumentar a conscientização sobre os problemas e soluções, desenvolver produtos adequados para pacientes e sistemas de saúde diversos, estabelecer parcerias estratégicas e tratar a equidade como prioridade central”, reflete Mesquita.

Além de garantir o acesso de comunidades desfavorecidas a testes acessíveis e oportunos, possibilitando diagnósticos precoces e auxiliando pacientes vulneráveis a evitar tratamentos dispendiosos, essas iniciativas têm grande valor empresarial, incluindo oportunidades de diferenciação no mercado, atração de talentos comprometidos com propósitos sociais, maior engajamento dos funcionários, acesso a novos mercados e clientes e maior envolvimento com investidores.

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