Doença surge quando há um enfraquecimento do coração[1], causando repetidas internações. Além disso, pacientes com doenças cardíacas, como a IC, fazem parte do grupo de risco para a Covid-19.

São Paulo, 08 de julho de 2020 – O dia 9 de julho é marcado pelo Dia Nacional de Alerta contra a Insuficiência Cardíaca (IC), doença que ocorre quando o coração perde a capacidade de bombear a quantidade necessária de sangue para o corpo[1]. A data foi estabelecida pelo Departamento de Insuficiência Cardíaca, o DEIC, em homenagem ao aniversário de Carlos Chagas, médico e sanitarista brasileiro, responsável pelo descobrimento da tripanossomíase americana, a Doença de Chagas. A IC é uma doença crônica e, portanto, o seu diagnóstico precoce e o tratamento correto são importantes para que ela seja controlada.

Os sintomas são marcados pela falta de ar para atividades físicas[10], inchaços nos tornozelos e pés[10], e perda da capacidade física, que impactam a realização de atividades cotidianas e consequentemente na qualidade de vida[9]. Além de crônica, a IC é progressiva, ou seja, se agrava com o passar do tempo[1]. É também marcada por episódios agudos, quando os sintomas se intensificam, fazendo com que o paciente necessite de assistência médica e hospitalar de emergência, levando-o, na maioria dos casos, à internação. Estas situações podem ser evitadas com a adesão ao tratamento com medicamento e mudança nos hábitos de vida, sem interrupções.

Essa síndrome é a causa mais comum de hospitalização clínica em pessoas com idade acima dos 65 anos[2-4], sendo que, cerca de metade das que são hospitalizadas morrem em cinco anos[2-4]. Aproximadamente 23 milhões de pessoas são acometidas com a IC globalmente[5], das quais 3 milhões só no Brasil[6]. A prevalência da condição vem aumentando consideravelmente nos últimos anos em todo o mundo[7], tornando-se um grave problema de saúde pública[8] – de acordo com estudos, a insuficiência cardíaca provoca de duas a três vezes mais mortes que cânceres avançados, como o de intestino e de mama[9].

Dr. Felix Ramires, cardiologista e médico da Unidade Clínica de Miocardiopatias do InCor-HCFMUSP e Coordenador do Programa de IC do HCor, afirma que “quando a IC é acompanhada cuidadosamente e mantida sob controle com um tratamento medicamentoso, em conjunto com a adoção de hábitos saudáveis, as chances de consequências e internações constantes diminuem consideravelmente. A recomendação é que, ao perceber qualquer sintoma, o paciente busque ajuda médica”, enfatiza o cardiologista.

Insuficiência Cardíaca e Covid-19

Os pacientes que sofrem de doenças cardiovasculares, como a IC, estão no grupo de risco para a Covid-19 e a orientação de profissionais e órgãos da saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), é de que os cuidados devem ser redobrados nesse período. Ramires explica que “deixar de tratar sua doença de base crônica, como no caso da insuficiência cardíaca, pode aumentar o risco de complicações e até de morte”.

Segundo o Ministério da Saúde, na semana de 14 a 20 de junho, a comorbidade e/ou fator de risco mais frequente nos óbitos causados pela Covid-19 foram de pacientes que apresentavam alguma doença cardíaca[12]. Ramires reforça a importância de se manter atento e não ter receio de ir a uma emergência ou pronto socorro, por medo de contágio pelo novo coranavírus. “Se o paciente notar piora dos sintomas não deve esperar ou ficar com medo de ir a um hospital, pois os centros de atendimento médico, especialmente os de urgência cardíaca, foram adaptados e estão preparados para atender com segurança esses pacientes”, completa.

Referências

1. Heart failure matters. What goes wrong in heart failure? Disponível em: http://www.heartfailurematters.org/en_GB/Understanding-heart-failure/What-goes-wrong-in-heart-failure. Acesso em 26/06/2020.

2. Ponikowski O, Voors AA, Anker SD, et al. 2016 ESC Guideline for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure. Eur J Heart Fail. 2016 May 20.

3. Heart Failure Matters. Symptoms of heart failure. Disponível em: http://www.heartfailurematters.org/en_GB/Understanding-heart-failure/Symptoms-of-heart-failure (Acessado em 06/07/2017).

4. Heart Failure Matters. Heart failure clinics and management programmes. Disponível em: http://www.heartfailurematters.org/en_GB/What-can-your-doctor-do/Heart-failure-clinics-and-management-programmes (Acessado em 06/07/2017).

5. Najafi F, Jamrozik K, Dobson AJ. Understanding the epidemic of heart failure: a systematic review of trends in determinants of heart failure. Eur J Heart Fail. 2009;11(5):472-9.Disponivel em http://www.scielo.br/pdf/ijcs/v30n3/pt_2359-4802-ijcs-30-03-0189.pdf. Acessado em 20/02/2019

6. Stevens B, Pezzullo L, Verdian L et al. The Economic Burden of Heart Diseases in Brazil. World Congress of Cardiology & Cardiovascular Health 2016 Poster code: PS023.

7. Schocken DD, Benjamin EJ, Fonarow GC, Krumholz HM, Levy D, Mensah GA, et al; American Heart Association Council on Epidemiology and Prevention; American Heart Association Council on Clinical Cardiology; American Heart Association Council on Cardiovascular Nursing; American Heart Association Council on High Blood Pressure Research; Quality of Care and Outcomes Research Interdisciplinary Working Group; Functional Genomics and Translational Biology Interdisciplinary Working Group. Prevention of heart failure: a scientific statement from the American Heart Association Councils on Epidemiology and Prevention, Clinical Cardiology, Cardiovascular Nursing, and High Blood Pressure Research; Quality of Care and Outcomes Research Interdisciplinary Working Group; and Functional Genomics and Translational Biology Interdisciplinary Working Group. Circulation. 2008;117(19):2544-65. Disponivel em http://www.scielo.br/pdf/ijcs/v30n3/pt_2359-4802-ijcs-30-03-0189.pdf. Acessado em 20/02/2019

8. Bocchi EA, Marcondes-Braga FG, Bacal F, Ferraz AS, Albuquerque D, Rodrigues Dde A, et al. [Updating of the Brazilian guideline for chronic heart failure – 2012]. Arq Bras Cardiol. 2012;98(1 Suppl. 1):1-33. Disponivel em http://www.scielo.br/pdf/ijcs/v30n3/pt_2359-4802-ijcs-30-03-0189.pdf. Acessado em 20/02/2019

9. P. Mease, et al. Subcutaneous Secukinumab Inhibits Radiographic Progression in Psoriatic Arthritis: Primary Results from a Large Randomized, Controlled, Double-Blind Phase 3 Study. Presented as a late-breaker at the 2017 ACR/ARHP Annual Meeting. November 7, 2017.]

10. Coates LC, Kavanaugh A, Mease PJ et al. Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis 2015 Treatment Recommendations for Psoriatic Arthritis. Arthritis Rheumatol. 2016 May;68(5):1060-71.

11. Diário Oficial da União (DOU), de 24 de janeiro de 2018. Edição 18 – Seção 1, p123. Portaria Nº 3, de 24 de janeiro de 2018.

12. Ministério da Saúde. Boletins Epidemiológicos Coronavírus. Disponível em: http://coronavirus.saude.gov.br/boletins-epidemiologicos. Acesso em 25/06/2020.