A Sociedade Brasileira de Mastologia alerta para a queda de atendimentos em hospitais públicos do país das pacientes em rastreamento e tratamento para o câncer de mama. Segundo levantamento realizado em centros hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas principais capitais, a queda nos meses de março e abril está, em média, 75%, em comparação ao mesmo período do ano passado. O medo de se contaminar durante o deslocamento e ao dar entrada na unidade de saúde, além do receio de não conseguir uma vaga nos hospitais para atendimento, já que muitas vagas estão sendo destinadas aos pacientes de COVID-19, são os principais motivos dessa ausência.
Nos 11 maiores centros de tratamento de doenças mamárias da rede pública do Rio de Janeiro, houve redução ou suspensão de 20% nas cirurgias oncológicas e suspensão das reconstruções mamárias em seis unidades. Já às sessões de radioterapia não estão sendo realizadas em oito. No entanto, apenas uma unidade suspendeu os atendimentos ambulatoriais de Mastologia. Nas demais estão restritas às consultas de follow-up e de doenças benignas. A triagem em pacientes oncológicas com suspeita de COVID-19 está sendo realizada em oito das 11 unidades.
Segundo o levantamento, os hospitais do Rio tentam atender na medida do possível as pacientes que estão em tratamento. Outro fator preocupante são as mulheres que estão em rastreamento, já que a realização da mamografia está suspensa e as unidades básicas não estão fazendo encaminhamento para os hospitais. “Se levarmos em consideração que o isolamento social possa ter uma duração de quatro meses e, consequentemente, a interrupção deste serviço neste período, significará que teremos um atraso em diagnósticos com possível aumento do número de tumores em estágio avançado”, explica Dr.Vilmar Marques, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Em outros estados, a história se repete. No Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belorá (Cacon), que concentra a maioria dos pacientes em tratamento do câncer de mama, realizou 442 atendimentos em abril de 2019, mas neste mesmo mês de 2020, apenas 55 pessoas foram atendidas, uma redução de mais de 87%. Em Santa Catarina, a redução foi de 75% em março e abril deste ano nos atendimentos ambulatoriais e cirúrgicos. Já em Minas Gerais, na Santa Casa de Belo Horizonte, a principal unidade de atendimento para câncer de mama, houve uma diminuição da demanda de 40% entre janeiro e abril comparado ao mesmo período do ano passado. As cirurgias sofreram queda de 28%.
A Sociedade Brasileira de Mastologia está preocupada com essa situação levando em consideração que a telemedicina, que é uma estratégia para a rede privada durante a pandemia, não está disponível no Sistema Único de Saúde. “A SBM entende que temos um país heterogêneo e não é possível definir uma conduta única na abordagem de pacientes com câncer de mama, pois tanto a incidência de COVID-19 quanto à estrutura hospitalar difere em cada região”, alerta Dr.Vilmar, concluindo que ações emergenciais são necessárias para o enfrentamento desses dois grandes problemas: o câncer de mama e a pandemia.
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Carine Nascimento
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