Especialistas alertam para o diagnóstico precoce do glaucoma, principal causa de cegueira no mundo

Coordenadora do Serviço de Oftalmologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Ione Alexim, alerta para cuidados preventivos da doença

Principal causa de cegueira no mundo, o glaucoma acomete aproximadamente 1 milhão de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG). A doença se caracteriza por um aumento da pressão intraocular (pressão no interior dos olhos) ou por uma fragilidade do nervo óptico, podendo levar à cegueira quando não tratado ou tardiamente diagnosticado. A doença pode se desenvolver por meses ou anos sem apresentar sintomas, que só aparecem em fase mais avançada, com a perda da visão periférica e alteração do campo visual.

O tipo mais comum de glaucoma é o de ângulo aberto, que ocorre quando o processo de drenagem do humor aquoso (responsável por nutrir a córnea e o cristalino, além de regular a pressão interna do olho) é abaixo do normal. Os sintomas costumam aparecer em fase avançada, isto é, “o paciente não nota a alteração na visão até vivenciar a visão tubular, que ocorre quando há perda irreversível do campo visual”, explica a coordenadora do Serviço de Oftalmologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Ione Alexim.

Já o glaucoma agudo de ângulo fechado, embora mais raro, requer intervenção imediata. Neste tipo da doença, a malha trabecular (estrutura porosa que drena o humor aquoso) é obstruída. O paciente apresenta sintomas que incluem vermelhidão e dor ocular, embaçamento visual, sensibilidade à luz e náuseas. Além dos casos apresentados, o glaucoma também pode ser congênito, ocasionando nos recém-nascidos globos oculares aumentados e córneas embaçadas. Neste último caso, o tratamento é feito apenas com intervenção cirúrgica.

Fatores de risco e tratamento

Algumas pessoas precisam ter atenção redobrada por apresentarem predisposição para desenvolver a doença, sendo os principais fatores de risco a idade acima dos 40 anos, ser portador de diabetes, catarata avançada ou uveítes, histórico familiar de parentes de 1º grau com glaucoma e fatores genéticos, que registram maior incidência em pessoas negras. Também são fatores de risco ter passado por cirurgia ocular e ter feito uso de corticoides.

Como toda doença crônica, o tratamento do glaucoma é diário e contínuo. Em geral, é realizado por meio de colírios, entretanto, caso o tratamento clínico não apresente resultados satisfatórios, a cirurgia torna-se uma opção. Para a detecção da doença, os exames mais comuns são o de verificação da pressão ocular (exame de tonometria), e a fundoscopia, exame no qual o profissional avalia as estruturas como o nervo óptico, os vasos retinianos e a retina.

A especialista reforça que, sabendo da gravidade da doença e com a falta de sinais da progressão do glaucoma, devem ser realizadas consultas anuais ao oftalmologista. “Quando o glaucoma não é tratado, pode levar à cegueira, por isso o exame oftalmológico anual preventivo é fundamental para a detecção e o tratamento precoce”, finaliza Dra. Ione Alexim.

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