4 de fevereiro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer

Pesquisa recente mostra que pessoas que abandonam o hábito, mesmo após um diagnóstico de câncer de pulmão, provavelmente viverão mais

Fumar é o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) o tabagismo tem relação com vários tipos de câncer e é responsável por cerca de 90% das mortes por câncer de pulmão. Parar com o hábito pode não ser tão simples assim, já que a nicotina é considerada droga e pode levar a dependência química. Mas uma pesquisa recente pode servir de incentivo para que muitos fumantes procurem ajuda.

No estudo, publicado no dia 4 de janeiro no Journal of Thoracic Oncology, foi realizada uma revisão sistemática de um total de 21 artigos publicados em um intervalo de tempo de quase três décadas (1980-2021), abrangendo um total de mais de 10.000 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (o tipo mais comum), câncer de pulmão de pequenas células e/ou câncer de pulmão de tipo não especificado. Foram incluídos apenas estudos focados em pacientes que pararam de fumar quando diagnosticados com câncer de pulmão, durante o tratamento ou nos 12 meses anteriores ao diagnóstico. A conclusão foi de que os pacientes com câncer de pulmão que param de fumar no momento do diagnóstico ou por volta dele podem viver quase um terço (29%) mais do que os pacientes que nunca param.

Segundo o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas, o câncer de pulmão continua sendo uma doença com prognóstico geralmente ruim, apesar dos avanços ocorridos na última década, principalmente por ser uma doença silenciosa e, em geral, diagnosticada tardiamente. “Por isso, uma descoberta como esta pode significar um ganho potencialmente grande na sobrevida desses pacientes”, afirma.

A dependência à nicotina é considerada uma doença crônica e está incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde – (CID) e, segundo o oncologista, é preciso levar em conta que, em muitos casos, não é só força de vontade que vai resolver. “Quando a pessoa resolve parar, sofre desconfortos físicos e psicológicos que podem trazer sofrimento, irritação, mau humor, ansiedade e até incapacidade de sentir prazer. Por isso, é importante não julgar ou desencorajar quem está passando pelo problema e procurar ajuda profissional”, afirma.

SUS oferece tratamento para quem deseja parar de fumar

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito nas Unidades Básicas de Saúde e nos Hospitais. O órgão do Ministério da Saúde responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) e pela articulação da rede de tratamento do tabagismo no SUS, em parceria com estados e municípios e Distrito Federal é o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). O tratamento inclui avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia medicamentosa juntamente com a abordagem intensiva.

Algumas instituições privadas também oferecem programas de cessação do tabagismo. Um exemplo é o Grupo Oncoclínicas, com o apoio do Instituto Oncoclínicas, que vem conduzindo um amplo programa para pacientes e colaboradores.

Sobre Dr. Carlos Gil Ferreira

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental – Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.