Neurologista da BP explica que os tumores cerebrais malignos mais frequentes são as metástases, ou seja, tumores que se originam de outros cânceres no organismo e que terminam acometendo o cérebro
Dores de cabeça intensas, convulsões, visão turva, fraqueza nos braços e pernas, dormência, perda de equilíbrio, audição e memória são os principais sintomas de meningioma grau 1 – o tumor cerebral benigno mais comum em adultos. São lesões que se desenvolvem a partir das meninges (tecidos que revestem o cérebro e todo o sistema nervoso central, incluindo o cérebro, tronco encefálico, cerebelo e medula espinhal). Embora geralmente não malignos, nem todos os meningiomas são inofensivos. “Além destes, que representam 80% dos casos, cerca de 15% são classificados como grau 2, que estão associados a maiores taxas de recidiva (retorno do tumor) e, por isso, podem ter indicação de radioterapia de forma complementar”, explica Iuri Neville, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, eleita a melhor instituição do Brasil em neurocirurgia no novo ranking da revista Newsweek divulgado em setembro.
Em contrapartida, aproximadamente 5% dos casos são classificados como grau 3 e possuem comportamento bastante agressivo, com necessidade de tratamento cirúrgico, radioterapia complementar e, em alguns casos, quimioterapia. “Entre os tumores cerebrais malignos, os mais frequentes são as metástases, que se originam de outros cânceres no organismo e terminam acometendo o cérebro”, afirma o médico. Cerca de 20% a 30% dos pacientes com cânceres apresentam metástase no cérebro em algum momento da doença. Os cânceres de pulmão, de mama e melanoma (um tipo de câncer de pele maligno) são os que mais geram metástases no cérebro.
Dentre os tumores cerebrais primários (que se originam no próprio cérebro), o mais comum em adultos é o glioblastoma, que se forma a partir de uma célula chamada astrócito, responsável por nutrir e dar sustentação aos neurônios. De acordo com o médico, os principais sintomas não estão associados ao tipo de tumor e, sim, à área do cérebro onde a lesão se desenvolve e à agressividade do seu comportamento biológico. “Esses são os principais fatores que determinam quais funções nervosas podem ser afetadas e, portanto, as reações neurológicas que podem surgir”, enfatiza o especialista.
Evolução e tratamento
Os tumores não malignos costumam crescer em ritmo mais lento, não se espalham em outras regiões do cérebro e nem desencadeiam metástases. Apesar disso, nunca devem ser negligenciados. Dependendo da área do cérebro onde se desenvolvem, podem afetar drasticamente a vida do paciente, portanto, devem ser sempre tratados e/ou acompanhados.
Diante de uma suspeita de tumor cerebral, os exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, são ferramentas importantes para detectar a presença da massa tumoral. A gravidade de caso é avaliada sempre de forma individualizada, levando-se em conta vários fatores, como a saúde geral do paciente (idade e outras doenças que eventualmente também possua), sintomas neurológicos apresentados, áreas cerebrais afetadas, velocidade de crescimento do tumor e quantidade de lesões tumorais. Para alguns pacientes com tumores cerebrais benignos, a neurocirurgia pode ser necessária, enquanto outros podem ser apenas monitorados por meio de consultas médicas e exames de imagem regulares.
Já os tumores malignos apresentam riscos extras, principalmente por causa de sua velocidade acelerada de crescimento e da capacidade de invadir e destruir outras regiões do cérebro. A cirurgia para remoção do tumor é uma modalidade terapêutica importante, especialmente no tratamento de tumores primários, acompanhada por radioterapia e quimioterapia na maior parte dos casos. No manejo local das metástases cerebrais, além da cirurgia, outras modalidades são frequentemente utilizadas, como a radiocirurgia, modalidade que, apesar do nome, não se trata de uma cirurgia, mas um tipo de radioterapia com aplicação de altas doses de radiação em pontos localizados, que pode ser realizada em somente um dia, ou em poucas sessões.
Além disso, existem ainda os tratamentos sistêmicos, incluindo quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. Enquanto cirurgia, radioterapia e radiocirurgia são direcionadas a pontos tumorais específicos, o tratamento sistêmico age sobre todos os focos da doença ao mesmo tempo. A quimioterapia, por sua vez, compreende um amplo conjunto de remédios que visam controlar a rápida multiplicação das células neoplásicas, mas também podem afetar tipos de células saudáveis e que se reproduzem rapidamente no nosso organismo, como as células do sangue e da pele, causando os efeitos colaterais.