Dia Mundial de Combate ao Câncer: tire suas dúvidas sobre o câncer ocular

Data alerta para os cuidados e sinais dos olhos, que também podem ser acometidos pela doença, muitas vezes de forma silenciosa; prevenção e atenção aos sintomas pode ajudar

Dia Mundial de Combate ao Câncer, data lembrada anualmente no dia 4 de fevereiro, possui o objetivo de aumentar a conscientização sobre a doença de forma geral e incentivar a prevenção e descoberta para permitir que as pessoas tenham tratamento. Fica o alerta para os cuidados e sinais dos nossos olhos, que também podem ser acometidos pelo câncer, muitas vezes de forma silenciosa.

melanoma de coroide – parte do olho com mais vasos sanguíneos – é o câncer que ocorre de forma mais frequente no olho. Geralmente, em sua fase inicial, ele não afeta a visão. Com o avanço, pode causar visão embaçada ou descolamento da retina, com sintomas como flashes de luz, véu ou cortina à frente do campo de visão, aumento ou alteração repentinos nos pontos flutuantes. Se forem grandes, os melanomas podem se estender para a órbita ou se espalhar por meio da corrente sanguínea, para outras partes do corpo.

“O diagnóstico precoce é importante, já que tumores menores são mais fáceis de curar. Ele é feito com o uso de um oftalmoscópio e também com exames que podem incluir ultrassonografia, angiografia com fluoresceína, e fotografias em série. Para tumores pequenos, o tratamento com laser, radiação ou um implante radioativo, pode ser recomendado. Já para tumores maiores, pode ser necessária a extração do olho”, explica o Dr. Celso Cunha, médico oftalmologista e consultor da HOYA Vision Care, empresa japonesa que produz lentes para óculos de alta tecnologia desenvolvidas para correção de problemas da visão.

Por outro lado, alguns tipos de câncer como o de mama, próstata e até mesmo o de pulmão, podem causar a metástase ocular, disseminação do tumor pela corrente sanguínea, atingindo os olhos. Geralmente, a metástase ocular é assintomática, mas alguns pacientes podem apresentar visão turva, perda parcial ou sombra na visão, dor ocular, massa visível no olho e mudança na íris.

Cunha pontua que o câncer no olho pode ser tratável e, em muitos casos, curável, especialmente se diagnosticado precocemente. Se confirmada a metástase ocular, o tratamento é realizado de forma conjunta com a quimioterapia ou a radioterapia primárias para os demais órgãos acometidos pelo câncer, e o oftalmologista pode acompanhar a regressão do tumor com o auxílio de exames de ultrassom. O tratamento localizado (radioterapia externa ou braquiterapia ocular) só deve ser realizado caso a resposta não seja positiva.

Por isso, as visitas regulares ao oftalmologista e avaliação médica diante de qualquer um desses sintomas, podem ajudar a prevenir e garantir o diagnóstico precoce da doença, além do início adequado do tratamento. “Na consulta, o médico oftalmologista realizará exames detalhados, incluindo a fundoscopia e ultrassom ocular, para um diagnóstico preciso. Ainda, se necessário, pode recomendar outros exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética”, lembra Cunha.

Outro ponto de alerta são para os pacientes submetidos a procedimentos de quimioterapia, já que o tratamento utiliza muitos medicamentos tóxicos para todas as células em crescimento, incluindo as células saudáveis do corpo, e pode ter efeitos colaterais indesejados, inclusive sobre os olhos e a visão, como catarata, uveíte, glaucoma, neurite óptica e turvação da visão.

Os oftalmologistas devem estar cientes desses efeitos colaterais e monitorar regularmente a saúde ocular de pacientes que recebem quimioterapia sistêmica. É importante também que os próprios pacientes informem imediatamente ao seu médico sobre quaisquer sintomas oculares durante o tratamento para que medidas preventivas possam ser tomadas e complicações evitadas.

Prevenção e atenção aos sintomas é fundamental

A prevenção do câncer no olho deve começar com medidas de proteção contra a exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV). O uso de óculos de sol com proteção UVA e UVB ao ar livre, além do uso de chapéus de aba larga, são sempre indicados. Já a proteção dos olhos em ambientes de trabalho que oferecem risco de lesões ou exposição a substâncias nocivas, também é uma prática importante.

E atenção ao estilo de vida saudável: priorizar dietas ricas em frutas e vegetais, que contêm antioxidantes, pode ajudar a proteger os olhos de danos celulares. Evitar o tabagismo, fazer exames oftalmológicos regularmente e estar atento aos fatores de risco, como a exposição a certos produtos químicos e histórico familiar de câncer ocular, também podem ajudar nos cuidados preventivos.

“Avanços significativos na medicina oftálmica têm aumentado as taxas de sucesso no tratamento de cânceres oculares. O acompanhamento contínuo com um oftalmologista é fundamental também após o tratamento, para que seja verificada a eficácia – pois há risco de recorrência – e para detecção precoce de qualquer sinal de retorno da doença. A colaboração multidisciplinar com oncologistas também pode auxiliar”, finaliza Cunha.