Em uma abordagem inovadora que interliga genética comportamental e neurociência, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, diretor do Projeto GIP, RG-TEA e Neurogenomic, discute a complexidade dos traços comportamentais de indivíduos superdotados diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Com uma base em estudos neurocientíficos avançados, Dr. Agrela explora os fundamentos neurogenéticos que influenciam a interação dessas condições.
“Através de estudos de associação genômica ampla, identificamos loci específicos que correlacionam-se não apenas com a superdotação, mas também com variantes genéticas significativas que alteram a neurotransmissão dopaminérgica, comum no TDAH, e a regulação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, crucial no TAG”, explica Dr. Agrela. Esses achados são críticos, pois interpretam as bases neurobiológicas dessas condições interrelacionadas.
Dr. Agrela também destaca a importância da neuroimagem funcional, que demonstra alterações na conectividade neural em indivíduos com estas condições coexistentes. “Observamos que enquanto a superdotação se associa a uma conectividade intensificada em redes neurais pré-frontais e parietais, o TDAH mostra disfunções na rede de modo padrão, crucial para a manutenção da atenção. Paralelamente, o TAG manifesta-se por uma hiperatividade da amígdala e uma desregulação da conectividade amígdala-córtex pré-frontal, exacerbando desafios na regulação emocional”, detalha o especialista.
Essa complexa interação neural pode levar a desafios na identificação e tratamento adequados. “Frequentemente, a superdotação pode ser subestimada ou mal interpretada devido às manifestações comportamentais do TDAH e do TAG”, adverte Dr. Agrela. Ele enfatiza a necessidade de avaliações diagnósticas holísticas e multidimensionais que integrem plenamente os dados genéticos e neuroimagem para um entendimento mais profundo e tratamentos mais eficazes.
Em conclusão, o trabalho do Dr. Agrela oferece uma visão crucial sobre como a integração de diversas disciplinas científicas é essencial para desvendar a complexidade dos traços comportamentais em indivíduos com coocorrência de superdotação, TDAH e TAG, e como essa compreensão pode levar a intervenções mais precisas e personalizadas, maximizando o potencial e melhorando o bem-estar desses indivíduos.