“Estar online” na vida atual deixou de ser escolha — virou rotina. O acesso fácil a celulares com internet e à proliferação das redes sociais, tornam quase impossível escapar da exposição a um volume excessivo de informações- muitas delas imprecisas ou falsas- o que torna o acesso a orientações e fontes confiáveis um desafio. O termo popular “viralizou” remete à forma rápida e incontrolável como se multiplicam e se propagam, podendo gerar confusão, desinformação e impactos reais nas vidas das pessoas.
O aumento do tempo conectados pode prejudicar não apenas a saúde emocional, mas também nossa relação com o tempo e conosco mesmos. E o preço pode ser alto: ansiedade, dificuldade de concentração, insônia, irritabilidade e até sintomas depressivos.
“O excesso de estímulos digitais compromete a capacidade de concentração e recuperação do cérebro.”, explica a psiquiatra Dra. Rafaela Silva, gerente médica da Lundbeck Brasil. “Todos querem um bom lugar ao sol, mas também precisaremos lidar com nossas próprias sombras. A comparação constante com a vida dos outros, tão presente nas redes sociais, por vezes rouba o espaço do autoconhecimento. Saber prezar pelo silêncio mental e reservar um período para desconectar-se digitalmente são necessidades legítimas.”
Segundo ela, o simples ato de acordar e já pegar imediatamente o celular prejudica um momento precioso para restaurar nossa homeostase-que corresponde à capacidade do organismo de manter um ambiente interno estável e equilibrado. “Evite pegar o celular nos primeiros minutos do dia. Em vez disso, priorize atividades essenciais e tente conectar-se lentamente com você mesmo e com o ambiente, respirar, sentir o corpo e estar presente.”
A preparação para o sono também é fundamental. Uma dica prática: antes de se deitar, desconecte-se pelo menos duas horas antes e anote o que planeja fazer no dia seguinte. Isso pode ajudar a reduzir a ansiedade e preparar o cérebro para o descanso, com uma noite mais tranquila.
No ambiente corporativo, a sobrecarga digital tornou-se corriqueira. O modelo híbrido de trabalho, embora traga flexibilidade, também facilitou o aumento de notificações e mensagens, reuniões sequenciais e a diluição dos limites entre o horário pessoal e o profissional, o que pode resultar em um esgotamento crescente. “Mais do que sugestões de bem-estar, precisamos promover uma cultura institucional que valoriza cuidado com a saúde e o equilíbrio emocional e cognitivo”, reforça Alba Eiras, Diretora de Pessoas e Comunicação da Lundbeck Brasil.
Algumas práticas que podem ser benéficas:
– Durante o trabalho, concentre-se em uma tarefa por vez. Sempre que possível, desative notificações ou ative o modo avião no celular para reduzir distrações.
– Estabelecer horários específicos para checar e-mails e mensagens.
– Promover momentos offline — principalmente durante as férias — e respeite seu tempo de descanso.
– Para que isso seja possível, tente evitar autocrítica excessiva.
A saúde do cérebro depende de pausas reais. Reconhecer os sinais do estresse digital e buscar momentos de reconexão são passos essenciais para viver com mais equilíbrio e bem-estar.