Pesquisa brasileira inédita mostra que 70% das pessoas com enxaqueca sofrem com a “síndrome da bexiga hiperativa”

Um estudo brasileiro inédito conduzido por especialistas do Headache Center Brasil, liderado pela neurologista Thaís Villa, mostrou que cerca de 70% das pessoas com enxaqueca sofrem também da síndrome da bexiga hiperativa, caracterizada pelo aumento da frequência urinária, inclusive à noite, com o sono interrompido pela urgência de ir ao banheiro.
Dos 808 pacientes com enxaqueca crônica avaliados pela equipe de Villa, 569 (mais de 70%) relataram como sintoma o aumento da frequência urinária, com necessidade de urinar mais de oito vezes ao dia. Entre eles, 506 eram mulheres e 63 homens. Segundo a neurologista, a alta ocorrência de mulheres com polaciúria, termo médico para o aumento da frequência urinária, está vinculada tanto a maior prevalência da enxaqueca no público feminino quanto por questões hormonais.
“A avaliação nos trouxe uma importante contribuição: de que o aumento da frequência urinária, em que a pessoa urina mais vezes do que o normal, em pequenas quantidades por vez, não ocorre como uma manifestação episódica, exclusivamente durante as crises de enxaqueca, mas é um traço característico da doença. Essa associação nos permite estratégias terapêuticas que possam aliviar os sintomas urinários em pacientes com enxaqueca crônica ”, explica Thais Villa.
O estudo será apresentado pela primeira vez essa semana, durante o 22º Congresso da Sociedade Internacional de Cefaleia (IHC 2025), em São Paulo. A enxaqueca é uma doença neurológica, caracterizada por um cérebro hiperexcitado, que entra em sofrimento a cada crise da doença. Ela acomete 15% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde; no Brasil, são mais de 30 milhões de pessoas com a doença. De causa hereditária, a enxaqueca não tem cura e o tratamento 360º é o mais indicado para o controle dos sintomas e das crises que a doença faz acontecer.
“Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, a enxaqueca não é somente dor de cabeça, esse é o sintoma mais conhecido da doença, entre tantos outros, como fotofobia, náuseas, insônia, irritabilidade, falta de concentração e também o aumento da frequência urinária. Quem tem enxaqueca, sofre com uma doença incapacitante, com uma jornada muito difícil, mas que tem tratamento especializado”, acrescenta Thais Villa.