Taxa de fertilidade do Brasil cai para 1,6 e acelera envelhecimento populacional, mostra Allianz Trade

O estudo global The Fertility Paradox: Education is Key, divulgado pelo Allianz Research, divisão de pesquisa macroeconômica da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito, mostra que o Brasil está passando por uma queda da taxa de fertilidade mais intensa do que o previsto. Em 2024, o índice caiu para 1,6 filhos por mulher, muito abaixo do nível de reposição populacional (2,1) e alinhada a países como Estados Unidos e Japão.
Segundo o relatório, o Brasil representa atualmente 2% de todas as crianças com menos de cinco anos no mundo, mas esse peso tende a cair diante da rápida transição demográfica. Essa tendência coloca pressão sobre a previdência e o sistema de saúde, além de reduzir a entrada de jovens no mercado de trabalho.
Para muitos países, apesar da melhora nas condições econômicas e da queda nas taxas de desemprego entre os grupos mais jovens, as taxas de fertilidade continuaram diminuindo. Isso se aplica, por exemplo, aos Estados Unidos, ao Japão e à Coreia do Sul, ou a países latino-americanos como o Brasil, onde as taxas de fertilidade caíram muito mais rápido do que o esperado (Gráfico abaixo).

Especificamente no Brasil, um dado relevante é a desigualdade regional: enquanto o Sudeste concentra as menores taxas de natalidade, o Norte e o Nordeste registram índices superiores, ainda próximos dos níveis de reposição.
“Mudanças nas atitudes e normas podem explicar a situação atual. Uma razão pode ser a mudança nos padrões familiares, especialmente porque um relacionamento estável e um parceiro confiável são fatores importantes na decisão de ter um (ou mais) filhos. Além disso, as crescentes expectativas sobre o que significa ser um bom pai ou mãe, alimentadas diariamente pelas redes sociais, podem fazer com que os pais em potencial se sintam despreparados para a paternidade”, acreditam os autores do estudo.
População mundial pode atingir seu pico mais cedo e envelhecer ainda mais rápido do que o esperado

O relatório lembra ainda que, diante do declínio das taxas de fertilidade em muitos países, estão em andamento discussões sobre as premissas adotadas pelos demógrafos da ONU em relação ao futuro desenvolvimento das taxas de fertilidade, que serve como base importante para os governos de diversos países. Críticos argumentam que essas premissas são muito elevadas, o que implicaria que a população mundial não apenas atingiria o pico muito antes do previsto, mas também envelheceria de forma mais acelerada.

Na variante média da edição de 2024, os demógrafos da ONU projetam que a população mundial atingirá o pico de 10,3 bilhões em 2084, com base na suposição de que a expectativa média de vida ao nascer aumentará de 73,3 anos em 2024 para 81,7 anos até 2100, e de que a taxa global de fertilidade total cairá de uma média de 2,2 filhos por mulher para 1,8 até o final deste século, ficando abaixo do nível de reposição de 2,1 filhos por mulher necessário para manter o tamanho populacional estável, a partir de 2058.
Já no grupo dos países de alta renda, as projeções mostram que a taxa média de fertilidade total aumentará gradualmente de 1,47 em 2024 para 1,60 a partir de 2090; enquanto isso, projetam quedas constantes de 2,10 para uma média de 1,81 filhos nos atuais países de renda média e de 4,46 para 2,03 nos atuais países de baixa renda.