A importância da avaliação do urologista, nefrologista e nutricionista para tratar a litíase urinária

O acompanhamento multidisciplinar, combinado a algumas medidas preventivas, como alimentação adequada, pode minimizar os impactos na qualidade de vida do paciente

Prevalente na população brasileira e com alta possibilidade de recidiva, a litíase do trato urinário surge quando acontece um desequilíbrio nos componentes da urina e um processo desencadeia a cristalização e formação de cálculos renais. O problema atinge um em cada dez brasileiros, sendo mais comum no verão. Este quadro pode ser assintomático, causar sangramento na urina (hematúria), infecções urinárias um quadro de dor extrema, conhecida como cólica renal quando bloqueiam a passagem da urina pelo canal (ureter) dificultando o trânsito da urina dos rins para a bexiga, ocasionando aumento de pressão dentro do rim e dor aguda.

De acordo com o Departamento de Endourologia e Calculose da Sociedade Brasileira de Urologia, os cálculos renais são mais frequentes em homens na faixa dos 20 a 35 anos, e cerca de 20% dos pacientes com histórico do distúrbio, podem ter novos episódios da doença. Porém, o paciente que identificar uma pedra nas vias urinárias, deve procurar um urologista, pois baseado no tamanho, localização e consequências que pode trazer, conseguirá definir se é necessária alguma intervenção e qual é a melhor opção dentro das técnicas endourológicas disponíveis.

“A boa notícia é que as recidivas podem ser reduzidas com a adoção de medidas preventivas. Por se tratar de uma doença recidivante, o paciente deve ser submetido às medidas dietéticas com o objetivo de minimizar o risco”, diz Dr. Antonio Corrêa Lopes Neto, urologista, especialista em Litíase Urinária e Endourologia, e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia de SP.

O urologista explica ainda que uma nutricionista habilitada e especializada neste tipo de problema pode ajudar o paciente, orientando-o a se hidratar adequadamente, reduzir a quantidade de sódio na dieta e excesso de proteína, além de uma ingesta equilibrada de cálcio. Importante orientar que o sobrepeso é um vilão e deve ser corrigido, visto que este grupo de pacientes tem alterações metabólicas que os deixam mais predispostos.

“Ainda sobre a alimentação, deve ser reduzida a ingesta de refrigerantes devido ao excesso de sódio, oxalato e açúcares, dando preferência a sucos de frutas naturais como melão, maracujá, laranja e limão. Para pacientes com níveis de potássio normais, a água de coco pode ser uma ótima opção. Controle na ingesta de açúcar também deve ser fortemente recomendada”, afirma o médico.

Outra especialidade envolvida no tratamento da litíase urinária é a nefrologia. A avaliação pode identificar modificações metabólicas que estejam envolvidas no desenvolvimento das pedras. Várias alterações podem ser identificadas e expõe a urina ao risco de formação de pedras, como por exemplo, o aumento no cálcio urinário decorrente de erros alimentares (excesso na ingesta de sódio) ou hiperparatireoidismo e a redução do citrato urinário e magnésio, que por sua vez são elementos envolvidos na prevenção de litíase.

Algumas medicações podem ser oferecidas para reduzir o cálcio urinário, aumentar o citrato e modificar o pH na urina. Existe a possibilidade de encaminhar a pedra para análise, onde a composição pode ser identificada e auxiliar nas medidas sugeridas para o tratamento clínico. “O importante é que o indivíduo que teve um episódio de litíase urinaria, tenha consciência que a simples remoção cirúrgica ou eliminação espontânea do cálculo, deve ser acompanhada de medidas clínicas, dietéticas e laboratoriais para oferecer um tratamento completo para esta patologia. Lembre-se: a litíase urinária pode transcorrer assintomática ou com algum quadro clínico, por vezes doloroso, e em alguns casos avançados, prejudicar a função dos rins.”, finaliza o especialista.