Associação Brasileira de Normas Técnicas desenvolveu documento com recomendações de fabricação, desempenho e uso para as máscaras de proteção respiratória de uso não profissional

O Brasil vive seu pior momento desde o início da pandemia do coronavírus, com alta de casos, internações e mortes em todas as regiões do País. De acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa, 10.482 pessoas morreram em decorrência da doença na última semana – a maior quantidade já registrada no período de sete dias. De acordo com especialistas, diante deste cenário tão preocupante, uma das alternativas para minimizar a taxa de transmissão direta do novo coronavírus é o uso de máscara facial. Segundo o estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), o uso de máscaras é capaz de conferir mais proteção do que apenas o distanciamento social ou a higienização das mãos. Os pesquisadores basearam essa conclusão na análise do surto de coronavírus no navio de guerra americano USS Theodore Roosevelt.

A Marinha americana informou que, de uma tripulação de cerca de 4.800 marinheiros, 1.273 deram positivo para o vírus e 382 participaram do estudo. Os resultados mostraram que apenas 55,8% das pessoas que usavam máscara regularmente pegaram a doença, em comparação com 80,8% das que não usavam – uma redução de 25%.

O uso correto de um simples dispositivo de proteção individual pode contribuir para salvar vidas e reduzir o custo social e humano da pandemia de Covid-19. Além de também contribuir para reduzir a disseminação de outros agentes infecciosos. É importante lembrar que a utilização de máscara não invalida a necessidade das ações de distanciamento social e a adoção de medidas de proteção e higiene recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Devido ao aumento das dúvidas sobre a correta utilização das máscaras de proteção, qual o melhor tecido ou material de fabricação e como funciona o reuso da máscara, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas desenvolveu um documento normativo de referência para orientar a sociedade. A ABNT PR 1002:2020 contém recomendações de fabricação, design, desempenho e uso para as máscaras de proteção respiratória de uso não profissional, que podem ser reutilizáveis ou descartáveis.

“Através da Prática Recomendada ABNT 1002, pretendemos oferecer à sociedade um guia informativo para produção de máscaras de proteção, assim como para orientação sobre o seu uso correto, lavagem, reuso e descarte. É importante lembrar que o uso de máscara vai além de autoproteção e é uma forma de também proteger o outro”, explica Mario William Esper, Presidente da ABNT.

Algumas orientações importantes feitas pela ABNT em seu documento são:

• O uso da máscara de proteção respiratória de uso não profissional está previsto, por exemplo, para pessoas em trânsito ou em ambientes fechados com acesso ao público, visando proteger grupos de pessoas e assim evitando a disseminação de agentes infecciosos.
• A máscara de proteção respiratória de uso não profissional deve cobrir o nariz, a boca e o queixo e não pode possuir válvulas inspiratórias e/ou expiratórias. As peças podem ser montadas por solda ultrassônica, termofixação e/ou costura.
• As máscaras de proteção respiratória de uso não profissional podem ser produzidas a partir de diversas composições têxteis e disponibilizadas em diferentes formas. Ainda que não haja material ou número de camadas especificados para sua produção, é recomendado atentar-se à qualidade da máscara, bem como aos requisitos mínimos de filtração e respirabilidade do produto.
• Sugere-se que a penetração da máscara de proteção respiratória de uso não profissional tenha capacidade de filtragem de no mínimo 70% para partículas sólidas ou líquidas, com diâmetro de 3cm ou eficiência de filtragem bacteriana.
• Para a fabricação de máscara de proteção respiratória de uso não profissional, podem ser utilizados tecidos planos, malhas e/ou não-tecidos, compostos por fibras naturais, artificiais e/ou sintéticas.
• Recomenda-se a troca da máscara de proteção respiratória de uso não profissional após 3 horas de uso contínuo ou quando for percebida umidade em sua parte externa.
• Em hipótese alguma a máscara de proteção respiratória de uso não profissional deve ser colocada em posição de espera na testa ou sob o queixo. Caso isso aconteça, ela somente poderá ser reutilizada após lavagem.
• O manuseio das máscaras de proteção respiratória de uso não profissional usadas deve ser realizado com cuidado, sempre pelas alças ou tiras na parte traseira, evitando tocar a sua parte frontal.
• Recomenda-se para o processo de lavagem à mão: lavar a máscara separadamente de outras roupas; deixar a máscara de molho em água e sabão ou detergente por 20-30min; enxaguar bem em água corrente para remover qualquer resíduo e sabão; evitar torcer a máscara com força e deixá-la secar completamente. Não é recomendado o uso de amaciantes.
• A secagem da máscara pode ser realizada ao ar livre ou em máquina de secar. No caso de secagem ao ar livre, recomenda-se: prender a máscara no varal pelas alças ou tiras para evitar danos; escolher o local mais arejado possível e com eventual incidência de luz solar; escolher um local protegido de circulação de pessoas e animais para evitar que a máscara seja contaminada no processo de secagem; opcionalmente, lavar e secar em sacos de tecido próprios para lavagem de roupa.
• Se for detectado algum dano à máscara como deformação, desgaste, perda de elasticidade das alças etc, ela deve ser descartada.
• Para o descarte correto da máscara, recomenda-se: descaracterizar a máscara cortando-a com uma tesoura, a fim de evitar a reutilização por terceiros; colocar a máscara descaracterizada em um saco de papel ou plástico, certificar-se de que o saco esteja bem fechado e em seguida jogar em uma lixeira com tampa; após o descarte, evitar tocar no rosto ou em superfícies e lavar imediatamente as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel a 70%.

Além da Prática Recomendada 1002, com guia de requisitos básicos para métodos de ensaio, fabricação e uso de máscaras de proteção respiratória de uso não profissional, a ABNT também elaborou a ABNT PR 1005:2020, com recomendações relacionadas às máscaras cirúrgicas.

• A máscara cirúrgica deve conter, obrigatoriamente, um elemento filtrante e no mínimo duas camadas. A camada externa consiste em um não-tecido, cuja principal função é impedir a passagem de gotículas pulverizadas pelo paciente para o profissional da saúde e vice-versa.
• O fabricante deve disponibilizar na embalagem do produto, ou em local apropriado à sua apresentação comercial, instruções para o uso correto da máscara incluindo a colocação, ajuste retirada e outras informações pertinentes.
• A máscara cirúrgica deve ter um formato que permita cobrir o nariz, a boca e o queixo do usuário e que assegure o bom encaixe nas laterais. Para isso, o modelo de pregas se ajusta a diversos tipos de rosto e permite boa cobertura com proteção.
• Para que possa ser facilmente ajustada e mantenha o contorno do nariz e das bochechas do usuário, a máscara cirúrgica deve conter um clipe nasal, de material maleável. O clipe nasal deve ser incluído dentro do material de cobertura e não pode se projetar para fora do material da máscara.

“Os profissionais da saúde atuam na linha de frente no combate ao coronavírus e, por isso, precisam de dispositivos médicos de qualidade, que garantam sua integridade, proteção e segurança. Dentre estes dispositivos, a máscara cirúrgica é considerada essencial”, finaliza Mario William Esper, Presidente da ABNT.

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