Dr. Marcos Dall’Oglio explica que consumir água é essencial, mas a mudança nos hábitos alimentares e a prática de exercícios regularmente são fundamentais

São Paulo, outubro de 2020 – Os cálculos renais ou pedras nos rins, como são mais conhecidos popularmente, se referem a um problema cujo nome científico é litíase urináriaMais comum do que podemos imaginar, afeta um em cada dez brasileiros.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), houve um aumento de 20% de casos nos últimos dez anos, com incidência predominante em homens na faixa de 30 a 45 anos, mas também em mulheres e crianças.

O Urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Marcos Dall’Oglio explica que os cálculos renais são condições dolorosas marcadas pela formação de pedrinhas que obstruem o sistema urinário. “A formação endurecida pode surgir nos rins e interromper outro ponto do canal urinário, como, por exemplo, o ureter, canal que transporta a urina até a bexiga. Por ele ser muito estreito, a partícula acaba emperrada e, em decorrência de tentativa de expulsão, surge a dor intensa”, complementa.

Mas afinal, como elas surgem? Os rins funcionam como dois grandes filtros de água. Além de reter a água para formar a urina, eles retêm diversos elementos, como, por exemplo, cálcio, ácido úrico e oxalato. Quando essas moléculas aparecem em grande quantidade e há pouco líquido retido para dissolvê-las, surgem cristais ou agregados que se juntam e viram cálculos.

“Não se pode esquecer da pedra estrutiva, que atinge principalmente as mulheres. A origem está associada a uma infecção causada pela bactéria Proteus Mirabilis, que altera o pH da urina, facilitando a junção de partículas de magnésio, fosfato e amônia”, explica o urologista.

Abuso de sal, ingestão em excesso de alimentos ricos em cálcio e proteínas, pouco líquido na dieta, obesidade, hipertensão e predisposição genética são alguns dos fatores de risco para os cálculos renais aparecerem. Os sintomas são cólicas que começam na região lombar e migram para outras áreas, dor no baixo ventre, sangue na urina, náuseas, vômito e vontade de fazer xixi a toda hora.

Como prevenir os cálculos renais?

Segundo o urologista, a dieta é um fator preponderante no controle do problema. Para evitar a cristalização dos sais, o organismo humano precisa de água, portanto uma das primeiras regras é tomar bastante líquido. A recomendação diária é de 30ml por quilo de peso corporal, então, uma pessoa de 70 quilos precisa beber 2,1 litros de água por dia.

Maneirar no sal, nos embutidos (como linguiça, salsicha e salame), enlatados e macarrões instantâneos é outra medida aconselhada. Alimentos com alto teor de oxalato (espinafre, nozes, pimenta e chá-preto, por exemplo) também exigem moderação, quando já existe propensão a pedras desse tipo. Pessoas com alta concentração de ácido úrico no sangue devem ainda reduzir a ingestão de cerveja, carne vermelha e frutos-do-mar, uma vez que eles elevam ainda mais as taxas.

“Também é fundamental praticar exercícios regularmente, mudar os hábitos alimentares, evitando o excesso de bebidas alcoólicas e refrigerantes, além de maneirar no consumo de sódio. A quantidade varia conforme o nível de atividade física de cada pessoa, mas a recomendação geralmente é de 0,8 g a 2 g do nutriente por quilo de peso corporal. Ou seja, uma pessoa com 70 kg deve comer até 140 g de proteína por dia”, finaliza Dr. Marcos Dall’Oglio.

Sobre Dr. Marcos Dall’Oglio

Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP desde 2008. Tem certificação para atuar em cirurgia robótica (Urologia) pela Intuitive Da Vinci Surgical System Training. Atuou como Diretor Médico Oncocirúrgico e Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e como Chefe do Setor de Uro-Oncologia da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas (HCFMUSP). Professor Associado da Faculdade de Medicina da USP desde 2012. Atua em Cirurgia Robótica Urológica, com linhas de pesquisa principalmente nos seguintes temas: fatores prognósticos do carcinoma de células renais, câncer de bexiga, de próstata e testículo, neoplasias malignas do trato genitourinário, técnicas cirúrgicas em urooncologia.