Teste feito a partir de coleta de sangue permite identificar alto risco desta condição grave e a adoção de tratamentos antecipados
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar uma nova indicação do exame ElecsysⓇ NT-proBNP capaz de identificar, de forma antecipada, o risco de pessoas com diabetes tipo 2 desenvolverem insuficiência cardíaca (IC), condição grave que afeta 32,2% desses pacientes e é responsável por, pelo menos, 50% das mortes nesta população.1 De acordo com um dos principais estudos que embasaram a aprovação pelo órgão regulador, um aumento acentuado nos níveis do marcador cardíaco, chamado NT-proBNP, pode ser detectado em pacientes com diabetes tipo 2 já seis meses antes da hospitalização por insuficiência cardíaca.2
Acompanhamentos clínicos entre pacientes com e sem a presença de diabetes tipo 2 demonstraram que pacientes com o segundo tipo, que normalmente é causado pelo estilo de vida e, em geral, acomete as pessoas depois dos 40 anos de idade, apresentaram um risco 112% maior de desenvolver insuficiência cardíaca.3 O teste, que é considerado padrão ouro para diagnósticos de insuficiência cardíaca, agora teve aprovação da Anvisa para identificar, dentre os pacientes com diabetes, aqueles que possuem risco aumentado de vir a desenvolver IC.4 5 O exame permite que o médico possa avaliar se o paciente com diabetes possui risco elevado de desenvolver Insuficiência Cardíaca ou não. Com isso, endocrinologistas, cardiologistas e geriatras poderão apoiar a decisão clínica a partir de avaliação de risco personalizada da população diabética, assim como na realização de tratamentos cardioprotetores e na obtenção de melhora nos resultados gerais dos pacientes.6 7 8
O exame ElecsysⓇ NT-proBNP é feito a partir de uma simples coleta de sangue e já é realizado por laboratórios no Brasil para outras indicações há 15 anos, tanto para avaliações eletivas quanto no ambiente de pronto-socorro, já que os sintomas da insuficiência cardíaca – falta de ar, inchaço nas pernas e cansaço – são comuns a outras doenças, mas pelo fato da IC ser uma condição grave, sua identificação e a conduta clínica adequada podem ser determinantes no prognóstico do paciente.
No caso de pacientes diabéticos classificados como de alto risco para desenvolver IC e sem história conhecida da doença, foi comprovado que, ao longo de dois anos de acompanhamento intensificado, a taxa de hospitalização ou morte devido a doença cardíaca pode ser reduzida em 65% em comparação com os pacientes que não receberam a mesma atenção médica.6 “É um grande avanço podermos contar, agora, com esse novo teste para avaliar os riscos de forma precisa e, principalmente, antecipar a conduta mais adequada para aqueles pacientes que realmente poderão se beneficiar e para quem o acompanhamento mais intenso pode prevenir complicações e, mesmo, o óbito”, afirma Humberto Villacorta, médico cardiologista e professor associado da Universidade Federal Fluminense.
Vale lembrar que as doenças cardiovasculares são amplamente discutidas no âmbito da saúde populacional devido à alta mortalidade e quem tem as maiores chances de sofrer com suas consequências são justamente os mais de 16 milhões de brasileiros com diabetes. O Brasil é o terceiro país que mais gasta com a diabetes no mundo.11 Além disso, as complicações por doenças cardiovasculares correspondem de 20% a 49% dos custos totais do tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 mundialmente, sendo responsáveis pelo aumento do custo médio do tratamento em até quase 10 mil dólares em comparação com pacientes com diabetes sem complicações cardíacas.1 “Daí a importância de se identificar quem são aqueles de alto ou baixo risco, pensando também na alocação mais adequada dos recursos de saúde”, diz Adriana Vassalli, Diretora Médica da Roche Diagnóstica.