Nove em cada dez brasileiros se automedicam quando estão com dor

Estudo aponta que 73,7% dos brasileiros sentiram algum tipo de dor nos últimos três meses. Para 63% das pessoas entrevistadas, o estresse da rotina cotidiana é o maior problema de saúde

Sabe aquela dor de cabeça que parece que só você sente durante o final do expediente de trabalho? Que nada! Sete em cada dez brasileiros sentiram algum tipo de dor física, nos últimos três meses. As dores, muitas vezes, são consequências de problemas do dia a dia, depressão, falta de exercícios físicos e cuidados regulares com a saúde, como exames de check-up, por exemplo. As constatações são da pesquisa realizada pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, que revela como o brasileiro lida com a dor. O estudo foi feito em formato de painel digital, com mais de 5.000 brasileiros de todo o país, em fevereiro de 2020, com todas as classes sociais (ABCD) e faixas de renda. Participaram do estudo homens (45,7%) e mulheres (54,2%), ambos acima de 18 anos.

O estudo apontou que, nos últimos três meses, 73,7% da população brasileira sentiu algum tipo de dor no corpo, das quais a campeã foi a dor de cabeça, com uma freqüência de 44,3%; seguida por dores por má postura ou por permanecer muito tempo sentado (39%); problemas crônicos ou dor constante em alguma parte específica do corpo (28,5%); e dores em decorrência de atividades físicas ou esforço repetitivo (21,5%). Cólicas também foram citadas por 13,1% dos entrevistados. 

Um dado alarmante identificado na pesquisa foi o aumento do estresse como problema principal de saúde. Para 63,6% das pessoas, o estresse da rotina do dia a dia constitui o maior problema de saúde atual. “Quando ouvimos que o estresse é um dos motivos que mais causam dor no brasileiro, entendemos que as pessoas ainda não conseguem equilibrar bem suas vidas, e, com isso, geram pontos de tensão que causam dores físicas e que precisam ser olhadas com atenção”, explica Ligia Mello, fundadora da Hibou e responsável pela pesquisa.

Outro dado que preocupa é que nove em cada dez brasileiros afirmam se automedicar para a dor, sendo que, para 40% deles, esse é um ato constante, enquanto para 49,6%, é esporádico. Apenas 8,9% afirmam ser raro se automedicar, e 1,7% é a parcela dos que não tomam remédios sem prescrição médica. Dos 98,3% entrevistados que afirmam se automedicar, a maior adesão é ao popular comprimido com 92,6% das respostas. Em segundo lugar vem a pomada (27,1%), seguida da forma líquida (11,3%), dos cremes (9,9%) e da compressa (7,4%).

“Analisando este cenário, entendemos por que o número de farmácias cresce vertiginosamente: porque a prevenção não está em pauta. O foco do brasileiro está no paliativo, e não na solução, como os números também dizem claramente. ‘Quero que passe, depois penso se vou resolver o problema’”, diz Ligia.

O estudo também avaliou o que ocorre após uma visita ao médico. Apesar de muitas pessoas se tratarem de forma caseira, 68,4% afirmam que realizam um exame solicitado da forma mais ágil possível, enquanto 16,0% buscam fazer o exame, mas sem priorizar isso em suas agendas. Os demais são seletivos: 7,7% escolhem quais exames têm ou não prioridade, e 6,4% esperam mais um pouco por uma melhora para, só então, cogitar realizar o exame solicitado. Um vírgula cinco por cento dos entrevistados afirmaram que evitam realizar exames, reservando-os para os piores casos.

“A dor prejudica a vida pessoal e a vida profissional da pessoa. A produtividade cai, aumentam as faltas no trabalho e a falta de vontade de participar de compromissos pessoais, e, assim, aumentam os gastos no INSS. E isso porque o brasileiro não tem uma rotina de cuidados preventivos, cuidados simples que podem ser realizados diariamente, que ajudam o corpo a reagir melhor às adversidades da rotina”, conclui Ligia.