Pesquisa avaliou e comparou dados clínicos de 14 mil pacientes de centro médico de Tel Aviv, em Israel, que passaram por atendimento entre fevereiro e abril deste ano
Baixos níveis de vitamina D no sangue podem aumentar em até 109% a probabilidade de internação hospitalar por coronavírus, segundo o estudo
São Paulo, agosto de 2020- Pesquisadores de Israel publicaram um estudo¹ recente relacionando os baixos níveis de vitamina D no sangue com o risco aumentado para infecção pelo novo coronavírus. A pesquisa avaliou dados clínicos de 14 mil pacientes que passaram por atendimento e realizaram testes para diagnóstico de Covid-19, entre fevereiro e abril deste ano, no Leumit Health Service, em Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel.
A análise levou em conta pacientes que, quando testados para Covid-19, já tinham um exame anterior de avaliação do nível plasmático de vitamina D. Na avaliação, os pesquisadores consideraram deficientes de vitamina D as pessoas que apresentaram níveis de concentração abaixo de 30ng/mL.
Os resultados da pesquisa apontaram que o nível médio deste hormônio nos pacientes avaliados foi significativamente baixo, sendo ainda menor no grupo com diagnóstico positivo de Covid-19, no qual a concentração média foi de 19 ng/ml, inferior a taxa de 30 ng/ml que é considerada como saudável pelos médicos, a fim de se manter todos os benefícios da vitamina D no organismo.
Segundo os pesquisadores que conduziram a pesquisa, a análise univariada, ou seja, que avalia apenas uma variável clínica por vez para chegar à estimativa estatística, demonstrou associação entre a deficiência de vitamina D e chances maiores de contrair a infecção respiratória, com probabilidade 109% maior de internação hospitalar.
Já a análise multivariada, que levou em conta critérios demográficos e transtornos somáticos, destaca que, além do nível sérico de vitamina D, pacientes do sexo masculino e de classes sociais menos favorecidas também estão entre os com maior risco de infecção. As chances de hospitalização aumentam 171% para os com idade superior a 50 anos.
“Nesse período atípico pelo qual passamos, com menor exposição solar devido ao isolamento social, associada à chegada do inverno, consideramos necessária a suplementação de vitamina D, em cápsulas ou comprimidos, na dose de 1.000- 2.000 UI/dia, com o objetivo de garantir os níveis considerados saudáveis e todos os benefícios como o fortalecimento da imunidade. São doses que apresentam eficácia, segurança e baixo risco de toxicidade porque estão dentro dos limites preconizados para reposição nutricional”, destaca o especialista Odair Albano.
Relevância do estudo: amostragem ampla e dados do mundo real
A pesquisa israelense Baixo nível de vitamina D de plasma 25 (OH) está associado ao aumento do risco de Infecção por COVID-19: um estudo de base populacional israelense foi publicada na última semana de julho na The FEBS Journal, revista científica quinzenal revisada por pares publicada em nome da Federação das Sociedades Bioquímicas Europeias.
O grande número de participantes, o desenho do estudo baseado na população do mundo real e a exclusão de diversos fatores de erro são os pontos fortes do estudo. No futuro, a autora sênior Milana Frenkel-Morgenstern, PhD e chefe do Laboratório de Genômica e BioComputação de Doenças Complexas do Câncer da Universidade Bar-Ilan, em Israel, pretende decifrar o papel potencial da vitamina D na prevenção e tratamento do COVID-19 por meio de três estudos adicionais, além de realizar uma meta-análise para combinar dados de diferentes países.
Referências:
¹ Low plasma 25(OH) vitamin D level and COVID-19 infection risks | Eugene Merzon1,2*, Dmitry Tworowski3, Alessandro Gorohovski3, Shlomo Vinker1,2, Avivit Golan Cohen1,2, Ilan Green1,2, Milana Frenkel Morgenstern3 The FEBS Journal, 2020, 07, 2020