O Dia Mundial do Câncer, comemorado em 4 de fevereiro, é um momento de reflexão e ação sobre um dos maiores desafios de saúde pública do nosso tempo. A campanha de 2022-2024, sob o tema “Close the care gap”, organizada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), destaca uma preocupação crítica: a desigualdade no acesso aos cuidados e tratamentos do câncer. Este tema é especialmente relevante no Brasil, onde as disparidades de alcance à saúde são notoriamente pronunciadas.

A campanha enfoca várias esferas cruciais: atenção médica, comunicação assertiva, educação sobre o câncer, meios de prevenção, exames preventivos e tratamentos disponíveis. Estas áreas são fundamentais para entender a complexidade do controle do câncer e como podemos avançar na redução dos casos graves da doença.

Embora em regiões como o Estado de São Paulo onde os procedimentos como mamografias e exames de Papanicolau sejam relativamente fáceis de serem feitos, esta não é a realidade em muitas outras partes do país. A desigualdade social e regional influencia significativamente a disponibilidade de cuidados preventivos e tratamentos, deixando muitas pessoas sem os serviços essenciais. Essa disparidade não se restringe apenas à disponibilidade de procedimentos médicos, mas se estende também à informação. A internet, apesar de ser uma ferramenta poderosa de disseminação de conhecimento, ainda é rudimentar em determinadas regiões brasileiras.

O diagnóstico precoce é fundamental na busca pela cura do câncer. Tipos comuns da doença, como os de mama, pulmão, próstata e intestino, têm chances significativamente maiores de serem solucionados quando detectados precocemente. Por isso, é essencial que as informações sobre prevenção e diagnóstico cheguem a todos. A campanha da UICC desempenha um papel vital nesse sentido, trabalhando para diminuir o abismo entre os bem-informados e os que ainda não têm acesso a informações cruciais.

É também importante destacar que a prevenção do câncer não se limita apenas ao acesso a cuidados médicos. Envolve escolhas diárias de estilo de vida, como uma alimentação saudável, não fumar, praticar atividades físicas e moderar o consumo de álcool. Estas são medidas empoderadoras que cada indivíduo pode adotar para reduzir seus riscos de desenvolver a doença.

Além disso, é necessário lutar contra a desinformação e os estigmas associados ao câncer. A crença de que o câncer é uma sentença de morte ou uma maldição ainda persiste em muitas comunidades. O esclarecimento e a educação são ferramentas para mudar essa percepção, mostrando que o câncer pode ser prevenido, tratado e, em muitos casos, curado.

Finalmente, a campanha do Dia Mundial do Câncer nos lembra da importância da cidadania. Os cidadãos devem exigir dos políticos e legisladores medidas que atenuem as diferenças regionais no acesso à prevenção e tratamento do câncer. Isso inclui a criação de leis e políticas públicas que garantam a todos, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica, o direito à saúde e ao bem-estar.

Dr. Paulo Pizão

O oncologista Dr. Paulo Eduardo Pizão é um profissional global. Por ser docente em faculdade, gestor em instituições de saúde, atuar no atendimento clínico e por ter sido pesquisador na indústria farmacêutica, tem uma visão geral do setor e conhece o mecanismo desse segmento.

Suas atividades profissionais atuais:

Pesquisador no Centro de Pesquisa Clínica São Lucas (PUC-Campinas), coordenador da disciplina de Oncologia Clínica no Curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, Campinas-SP; oncologista no Instituto do Radiu

Suas especializações:

Especialista em Oncologia Clínica pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO); Especialista em Cancerologia (Oncologia Clínica) pela Associação Médica Brasileira; PhD em Medicina (Oncologia) pela Universidade Livre de Amsterdam, Holanda.