A partir de 2021, o mês de março passa a ser conhecido como Março Azul. Com iniciativa da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), o objetivo é a realização, durante todo o mês, de ações junto à sociedade e à imprensa sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoces do câncer colorretal (CCR). Em entrevista ao Portal da SOBED, o presidente da Comissão de Ações Sociais da entidade e coordenador da campanha deste ano, Marcelo Averbach, falou sobre os sinais e sintomas de alerta, as formas de prevenção da doença e o papel do médico endoscopista no diagnóstico do CCR.

Segundo ele, a fase inicial da doença pode ser silenciosa, ou seja, não apresentar sintomas. Entre os sinais que podem aparecer com o desenvolvimento desse tipo de câncer, explica, estão a presença de sangue nas fezes, dor abdominal, emagrecimento sem causa conhecida, intestino preso ou alternando com a diarreia ou mudança de hábito intestinal com diarreia. “Se apresentar algum desses sintomas, recomendamos procurar um gastroenterologista, um clínico geral ou um médico de família, que farão os encaminhamentos necessários. Para confirmar o diagnóstico, o médico poderá solicitar alguns exames”, destacou.

LEIA, A SEGUIR, A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA:

Portal da SOBED – Qual a importância do diagnóstico precoce do câncer de colorretal para o paciente?

Marcelo Averbach – O diagnóstico precoce do câncer colorretal é muito importante, pois se relaciona diretamente com a sobrevida do paciente. Enquanto aqueles que se restringem à parede do órgão têm sobrevida de 90%, os pacientes que têm comprometimento de outros órgãos pelo tumor (metástase) têm chance de sobrevida em 5 anos de apenas 10%.

Portal da SOBED – Quais sinais e sintomas o paciente deve estar atento para buscar um médico?

MA – A presença de sangue nas fezes é um dos principais sintomas do câncer colorretal, mas também podem ocorrer outros, como alteração do hábito intestinal com diarreia, intestino preso ou alternância entre diarreia e intestino preso, dor abdominal em cólica e emagrecimento sem uma causa conhecida. De toda forma, a ocorrência destes sintomas indica a necessidade de uma consulta médica para investigar.

Portal da SOBED – Quais são as formas de prevenção da doença?

MA – O câncer colorretal pode ser evitado por meio de hábitos saudáveis de vida, evitando-se o sedentarismo, alcoolismo e tabagismo, bem como adotando uma dieta rica em fibras e pouca gordura animal. Além disso, o rastreamento do câncer é recomendado a partir dos 50 anos de idade, quando não existe um histórico familiar de câncer. Este rastreamento é basicamente feito através de exames de fezes e colonoscopia.

Portal da SOBED – Qual é o papel do médico endoscopista no diagnóstico da doença?

MA – O médico endoscopista é importante no rastreamento do câncer colorretal porque através da colonoscopia pode-se identificar tumores em um estado inicial ou mesmo de pólipos que têm potencial de evolução para o câncer. Por meio deste exame, pode-se também fazer o tratamento através da remoção endoscópica destas lesões.

Portal da SOBED – Quando os médicos endoscopistas devem suspeitar do CCR e como devem proceder ao identificar um paciente com o câncer?

MA – Quando identifica uma lesão suspeita, o endoscopista pode realizar o tratamento endoscópico ou encaminhar o paciente para tratamento com o cirurgião.

Portal da SOBED – O senhor acredita que o tema do câncer colorretal (CCR) deveria ser mais abordado nos veículos de comunicação e nas consultas rotineiras ao médico? De qual forma?

MA – Sem dúvida. O tema deveria ser mais veiculado, pois é importante informar à população os sintomas que devem servir de alerta para que o auxílio médico seja procurado, sempre que necessário – tão logo haja alguns dos sintomas ou quando houver fatores de risco, como histórico familiar, ou mesmo se atinja a idade de 50 anos. Assim, campanhas de esclarecimento populacional deveriam ser realizadas de forma frequente e abrangente.

Portal da SOBED – Quais são os impactos que a pandemia pode acarretar na prevenção precoce do CCR? Como os médicos podem minimizar esses efeitos?

MA – A pandemia e a consequente concentração de todos os olhares exclusivamente para o COVID-19 fizeram com que a prevenção e diagnóstico de outras doenças, como o câncer colorretal, fossem deixados em um segundo plano. Estes efeitos podem ser minimizados por meio da organização dos serviços de forma adequada com todos os cuidados necessários e assim propiciando o atendimento dos pacientes da forma mais segura possível.

Saiba mais sobre o Março Azul em https://www.sobed.org.br/marcoazul/