Clínico do hospital esclarece as principais dúvidas sobre a doença 

O Dia Mundial do AVC – acidente vascular cerebral – foi instituído no dia 29 de outubro, com o objetivo de chamar atenção para o aumento do número de casos e a importância da prevenção da doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 6 milhões de mortes por AVC são registradas por ano em todo o mundo e, em países em desenvolvimento, esta é a segunda maior causa de mortes. No Brasil, é a maior responsável por incapacidade e está relacionada a 40% dos casos de aposentadoria precoce no país. A seguir, o clínico geral e intensivista da Casa de Saúde São José (Rede Santa Catarina), Guilherme Penna, esclarece as principais dúvidas relacionadas à condição, conhecida popularmente como derrame:

– Como identificar se uma pessoa está tendo um AVC?

Perda de força ou de sensibilidade em um dos lados do corpo, fala arrastada e boca torta são os sintomas mais comuns e é preciso buscar com urgência um serviço médico.

“Em um acidente vascular cerebral isquêmico, que é o tipo mais frequente, há obstrução do fluxo sanguíneo em um vaso do cérebro, causando falta de oxigenação. Por isso, alguma parte do corpo será afetada, de acordo com a região cerebral”, explica Penna.

– O diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento são essenciais para aumentar as chances de recuperação plena do paciente?  

Sim. O médico reforça a importância de se buscar rapidamente um hospital, pois a eficácia do tratamento, seja via remédio trombolítico para dissolver a obstrução ou com a realização de um cateterismo, precisam ser feitos em um curto espaço de tempo após o AVC.

“Isso melhora a sobrevida do paciente e reduz as chances de um déficit neurológico, o que pode levar a uma eventual incapacidade”, afirma.

– A idade e o histórico familiar do paciente são os únicos fatores de risco a serem observados?  

Penna explica que há fatores não modificáveis, como idade, genética, sexo e raça (homens e pessoas negras têm maior chance de ter um AVC). Mas, na prevenção da doença, devemos estar atentos também aos elementos de risco modificáveis, como pressão alta, diabetes, colesterol, tabagismo e sedentarismo. Segundo ele, a recomendação é para que todos façam pelo menos 150 minutos de atividades físicas por semana, além de evitar consumo de álcool e ter uma dieta equilibrada. “Outros fatores de risco são gordura abdominal e apneia obstrutiva do sono”, afirma.

– Todos os pacientes de grupos de risco devem fazer uso de aspirina como prevenção? 

Não. Penna afirma que essa conduta é indicada apenas para pacientes que já tiveram um AVC como forma de evitar um novo episódio. Para quem nunca teve a doença, o uso do medicamento não é recomendado, com exceção de casos individualizados, de acordo com orientação médica e avaliação de fatores de risco.

– É possível relacionar o AVC com a Covid-19? 

De acordo com o médico, um dos efeitos da Covid-19 são eventos trombolíticos, entre eles um AVC. Porém, não é possível afirmar que, se uma pessoa tiver a doença dois ou três meses após a Covid-19, a causa foi o novo coronavírus ou se está relacionada a algum outro fator de risco já existente. Segundo ele, na fase aguda da Covid-19 não foi comum o registro de evolução para um AVC em pacientes internados. “Apenas 1% das pessoas hospitalizadas apresentou AVC”, completa.