Segundo pesquisa realizada na Inglaterra, maioria dos adultos entre 18 e 25 anos que usa cigarros eletrônicos apresenta saúde mental prejudicada e má qualidade de sono
O uso de cigarros eletrônicos com nicotina afeta não somente a saúde física, como a saúde mental do usuário. Pelo menos é o que aponta um estudo realizado pelos cientistas da Universidade de Surrey, na Inglaterra, em um estudo publicado na revista Healthcare.
Mais de 300 estudantes universitários foram entrevistados, dos quais 15% afirmaram usar vape e os outros 85%, não. Além disso, eles foram questionados sobre o desempenho em atividades que exigiam atenção plena e controle emocional, além de condições como ansiedade, depressão, pensamentos negativos, qualidade de sono, solidão, autocompaixão e frequência do uso de cigarros eletrônicos.
De acordo com a pesquisa, adultos entre 18 e 25 anos que usam cigarros eletrônicos com nicotina estão mais propensos a ter uma série de problemas de saúde mental do que aqueles que não fumam. Entre eles, depressão, ansiedade, problemas emocionais e dificuldades para dormir, o que resulta em má qualidade do sono.
Entre os 49 estudantes que eram usuários frequentes de cigarros eletrônicos, foram percebidos níveis mais baixos de foco, pior qualidade do sono e níveis elevados de pensamentos negativos. Segundo o estudo, “eles tendem a ser mais solitários e têm menos compaixão por si mesmos, além de uma tendência muito maior de serem diurnos ou corujas noturnas do que seus colegas que não fumam”.
Por que isso acontece?
Ter uma boa qualidade de sono pode ajudar o organismo no combate a infecções e também a mantê-lo saudável. Enquanto a pessoa dorme, o corpo produz proteínas extras que fortalecem o sistema imunológico, principalmente em situações estressantes.
Fumar um vape, especialmente os que contêm nicotina, resulta em noites mal dormidas. Isso ocorre porque a nicotina é uma substância psicoestimulante, semelhante à cafeína, que, apesar de causar uma sensação de bem-estar e até mesmo relaxamento, mantém o usuário desperto e ativo, o que prejudica o sono.
Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), além desses agravantes, as substâncias presentes na fumaça e nos vapores produzidos pelo cigarro eletrônico prejudicam as vias aéreas superiores, causando tosse frequente e contribuindo para o desenvolvimento de rinite, sinusite e asma.
Além disso, o uso contínuo de cigarros eletrônicos contribui para o agravamento do ronco e da apneia obstrutiva do sono, que são fechamentos parciais ou totais da garganta, resultando em pausas momentâneas na respiração.
Reflexos no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em 24 de abril de 2024 uma resolução que proíbe a fabricação e comercialização de cigarros eletrônicos. O texto define esses dispositivos como “produtos fumígenos cuja geração de emissões é feita com auxílio de um sistema alimentado por eletricidade, bateria ou outra fonte não combustível, que mimetiza o ato de fumar”.
Essas e outras leis, são aplicação da lei por profissionais aprovados no concurso da ANVISA destinado a profissionais de saúde interessados em se tornar Especialistas em Regulação e Vigilância Sanitária, com o objetivo de controlar a comercialização desses e de outros produtos proibidos.
O texto define exatamente quais tipos de dispositivos eletrônicos devem ser proibidos, deixando claro quais tipos de dispositivos serão proibidos por lei, incluindo:
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Produtos descartáveis ou reutilizáveis;
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Dispositivos com matrizes sólidas, líquidas ou outras, dependendo do seu design;
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Dispositivos com uma ou mais matrizes, seja líquida, sólida, ou compostos por substâncias sintéticas que reproduzam componentes do tabaco, extrato de outras plantas, óleos essenciais, complexos vitamínicos ou outras substâncias;
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Produtos conhecidos como e-cigs, sistemas de entrega de nicotina eletrônica (ENDS), sistemas de entrega de não nicotina eletrônica (ENNDS), e-pods, pen-drives, pods, vapes, produtos de tabaco aquecido (HTP), tabaco aquecido e vaporizadores, entre outros.