Recentemente foram repercutidas notícias de estudos consolidados que apontam que 80% dos pacientes submetidos a uma cirurgia bariátrica são mulheres e, destas, cerca de 65% estão em idade fértil. A realização da cirurgia é capaz de reduzir em até 32% o risco de câncer de mama na menopausa, assim como os tumores de esôfago, pâncreas, fígado, vesícula, rim, ovário, colorretal e tireoide, de acordo com a meta análise “Association of Bariatric Surgery With Cancer Risk and Mortality in Adults With Obesity”.
O cirurgião Fábio Rodrigues comentou o assunto expandindo o entendimento dos benefícios do procedimento para os pacientes em geral.
“O grande benefício da cirurgia bariátrica em relação à prevenção ao câncer diz respeito ao fato de que quando um paciente passa por esse procedimento e ele automaticamente tende a emagrecer, ele diminui muito o percentual de gordura dele. Isso diminui o processo inflamatório dele. Com isso há uma queda da replicação e morte celular em todo aquele processo genético que pode causar um câncer. Por isso que atualmente existe uma relação tão clara entre a obesidade e o câncer”, falou.
Segundo o médico, o estudo é direcionado à cirurgia bariátrica, mas o benefício não estão somente no procedimento, mas no emagrecimento em si. Mas na bariátrica você consegue mapear de forma mais eficaz esse paciente devido ao fato de que ele tem uma perda rápida de peso.
“Outra coisa que ocorre é que por muito tempo nós acreditamos que a célula de gordura, obesa, que fica debaixo da nossa pele, por muito acreditamos que essa gordura era apenas reserva de energia e hoje os estudos já mostram que não é só isso, porque essas células são produtoras de hormônios e marcadores inflamatórios que levam a inflamação do organismos como um todo”, disse.
Questionado se tudo isso poderia trazer algum efeito não benéfico, o doutor respondeu o seguinte:
“Como esses resultados de estudos, principalmente quando levamos em consideração a diminuição da probabilidade de câncer, de doenças metabólicas como hipertensão, diabetes e AVC, não tem nada de maléfico nisso e os estudos estão aí para comprovar, não só na perda de peso, mas também no emagrecimento em si. O que pode haver de maléfico é a desinformação das pessoas a respeito disso. As vezes até do próprio profissional médico que não gosta da cirurgia bariátrica por algum motivo. Mas quando pegamos estudos que comprovam uma redução de até 30% do risco do paciente que tem esse emagrecimento ter câncer, não tem como dizer que isso não é bom”, finalizou.
Sobre Fábio Rodrigues
Doutor Fábio Rodrigues é graduado em Medicina desde 2003, com especialização em cirurgia geral e bariátrica, além de pós-graduação em cirurgia minimente invasiva. Atua como cirurgião da obesidade e das doenças metabólicas desde 2015 e já acumula mais de 1.500 cirurgias realizadas. Atualmente, além das cirurgias bariátricas, vem concentrando também seu foco na performace dos pacientes após a cirurgia.