O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). No Brasil, é o tipo de neoplasia mais incidente em mulheres de todas as regiões, após o câncer de pele não melanoma. O tratamento cirúrgico de câncer de mama envolve a remoção parcial ou total da mama, chamado de mastectomia

Com o objetivo de melhorar a autoestima e qualidade de vida de mulheres que foram submetidas à remoção do câncer de mama, a dra. Cláudia Francisco Oliveira, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, criou o Projeto SER (Self Steem Restoration), recuperando a autoestima. A associação, sem fins lucrativos, em São José dos Campos, oferece cirurgia de reconstrução mamária e acompanhamento pós-cirúrgico gratuitos a essas pacientes, nas unidades públicas do município e redondezas.

De acordo com a médica idealizadora do projeto, essas pacientes não tiveram condições de realizar a cirurgia na rede pública e não têm recursos financeiros para custear na rede privada, além de terem grades sequelas no local.

“A remoção da mama envolve o parênquima glandular mamário, o conteúdo, a pele, a auréola e o mamilo, o que acaba deixando uma sequela estética muito grande. Muitas vezes, também, a musculatura do tórax e os gânglios da região axilar foram removidos, então a pele que sobra fica muito fina, grudada às costelas, algumas vezes até com deformidades do pós da radioterapia”, explica a médica que também é Membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica.

As cirurgias oferecidas pelo Projeto SER não são somente de colocação de prótese, mas de reconstrução, com inserção de volume e revestimento da pele através da utilização de retalho miocutâneo da região do abdômen. No último ano, 40 mulheres passaram pela avaliação pré-operatória e aguardam a chance da reconstrução.

Para que isso seja possível, foi criada uma rede de apoio de empresários e empresas a fim de custear o projeto. A paciente realiza toda a cirurgia, sem custos, com internação e garantia, também, de uma segunda internação se preciso, e exames complementares em casos de comorbidades ou que haja necessidade de abordagem hospitalar no pós-operatório.

“São casos de exceção, mas a gente não pode contar com a ajuda da rede pública nesse momento. Então, esse dinheiro arrecadado serve para dar segurança no pós-operatório caso a gente precise de uma nova intervenção, de uma complementação clínica, ou uma reabordagem cirúrgica”, pontua a dra. Cláudia que também está a frente da Clínica Vanité, que oferece todo o suporte de curativo pós-cirúrgico às pacientes.

Com a chegada da pandemia e o agravamento da segunda onda em 2021, muitas cirurgias tiveram que ser adiadas e o sonho de ter a autoestima de volta das pacientes também.

“A partir do momento em que a gente reabriu para poder começar a fazer as cirurgias, em março de 2021, fomos dando início somente com o meu trabalho e de um colega mastologista que foi quem acompanhou melhor essas pacientes durante todo o período de mastectomia. Nós já realizamos oito cirurgias esse ano, com todo o acompanhamento pós-cirúrgico na minha clínica, mas com a segunda onda tivemos que suspender novamente. Pretendemos retomar assim que as questões da pandemia estiverem mais controladas”, explica a cirurgiã plástica.

Atualmente, o Projeto SER segue acompanhando as pacientes que realizaram a cirurgia de reconstrução mamária com a esperança de conseguir novos parceiros e dar continuidade à essa ação para as mulheres que carecem de uma atenção especial.