Criada para realizar pequenas intervenções e exames relacionados ao coração, hoje a prática pode ser realizada em outras partes do corpo

A hemodinâmica é uma área da medicina responsável por verificar a circulação sanguínea. É também o nome do equipamento ou setor utilizado para aquisição de imagens das veias com detalhamentos de qualidade. No geral, a modalidade, tanto de aparelho quanto especialidade, foi criada para pertencer a cardiologia. Entretanto, os avanços tecnológicos já promovem a possibilidade da sua utilização em outras áreas médicas.

O cardiologista e coordenador da hemodinâmica do Hospital Águas Claras, Luciano Nogueira, explica que, no dia a dia, o procedimento mais recorrente é o cateterismo cardíaco, que consiste na inserção de um cateter no punho ou virilha do paciente e no direcionamento deste cateter até o local de interesse do exame, neste caso, o coração. Este exame é essencial, pois, no caso do coração, há situações em que somente através do cateterismo pode haver diagnóstico exato. 

Nogueira afirma que, mesmo que o procedimento seja tradicionalmente utilizado no coração, ele também pode ser realizado em qualquer outra região do corpo, em todo o sistema circulatório. “Opta-se por realizar procedimento com a hemodinâmica em outras partes do corpo pelo fato do método ser minimamente invasivo. O cateterismo também é utilizado para tratamentos em que, através dos cateteres, podem ser feitos ajustes em diversas partes do corpo, como alterações cerebrais, angiologia nas artérias da perna, na aorta, entre outros. São várias ‘minis’ operações que podem ser feitas”, elucida.

O médico explica que a idade mais comum de se realizar procedimentos no coração, por meio da hemodinâmica, é a partir dos 40 anos. Entretanto, há casos em que bebês precisam fazer cateterismo para a passagem do sangue devido a alguma má formação congênita, obstrução ou quando o coração não tem uma estrutura completa. “É raro (em bebês), mas pode acontecer. Além disso, a necessidade de procedimento, pode ocorrer em diversas idades: infância e início da vida adulta de pessoas que tenham problemas congênitos, por exemplo. São feitas diversas intervenções, como inserção de próteses ou abertura de válvulas”, explica.

A realização de procedimentos na hemodinâmica também possui riscos. Entretanto, pelo fato de ser minimamente invasiva, a chance de haver complicações é menor. “O mais comum de acontecer é algum incômodo, hematoma ou pequeno sangramento no local da inserção do cateter. Outros menos comuns são reação alérgica ao contraste e alguma alteração renal com paciente que tenha algum fator predisponente. Tudo isso também depende muito da estrutura hospitalar. É necessário respeitar todos os protocolos para preparar o paciente”, alerta.

O médico ainda reforça que se trata de um procedimento fundamental para um diagnóstico preciso e, em muitos casos, não pode ser substituído. Além disso, a inserção de cateteres pode ser feita novamente, a depender de solicitação médica. “Se após um ano ou cinco anos o paciente precisar realizar novamente (o procedimento), por diversos motivos, ele pode ser repetido várias vezes”. O papel da hemodinâmica é aumentar os anos de vida com qualidade, conclui.