Especialista explica como reconhecer os sintomas e tratamentos disponíveis que amenizam as dores e como ter uma vida normal e saudável
Criada em 2014, em Minas Gerais, a campanha Fevereiro Roxo tem, como objetivo, conscientizar a população sobre a prevenção, diagnóstico e combate de algumas doenças crônicas, tais como o Lúpus e a Fibromialgia (doenças reumáticas) e o Alzheimer (doença neurodegenerativa). As três, porém, são patologias de incidência notável que, com a identificação correta, possuem tratamentos que possibilitam ao paciente conviver bem com as enfermidades.
A Fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor crônica generalizada e mais comum em pessoas com doenças reumáticas sistêmicas e acomete, na sua maioria, mulheres entre 30 e 60 anos. “A causa precisa da fibromialgia ainda é desconhecida, mas se postula que a doença pode ser o resultado da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais”, explica o Dr. Isaac Braz, médico especialista em reumatologia, da clínica EVCiti/Quirón Reumatologia, em São Paulo.
“Além da dor muscular generalizada e pontos sensíveis ao toque, há outros sintomas como a fadiga, sono não reparador, ansiedade, depressão, dificuldade de memória e concentração que caracterizam a Fibromialgia”, diz Dr. Isaac Braz. E, orienta que, as pessoas com esses sintomas precisam buscar orientação médica e tratamentos para aliviar a dor e promover uma vida de qualidade, controlando os sintomas e prevenindo complicações.
O tratamento da Fibromialgia deve ser uma abordagem multimodal, em que medidas farmacológicas e não farmacológicas devem ser instituídas. No que diz respeito à terapia medicamentosa, atualmente dispomos de um arsenal limitado de fármacos com evidência científica comprovada para o alívio dos sintomas da fibromialgia. São medicamentos antidepressivos, relaxantes musculares, modulares de dor crônica e o Tramadol, único opioide com benefício comprovado. Quanto à não medicamentosa, o exercício físico – preferencialmente o aeróbico – é o pilar do tratamento, o qual traz impacto em alívio da dor, melhora da fadiga, melhora da qualidade de vida e melhora do sono. A educação do paciente sobre a condição, a higiene do sono, a psicoterapia, a acupuntura e a meditação (mindfulness) também são estratégias a serem sempre consideradas, a depender das preferências do paciente.
Cumpre ressaltar que, por ser uma condição dolorosa crônica em que o paciente geralmente apresenta dor importante após exercícios moderados a intensos e, também, demandas relacionadas à sua saúde mental, o acompanhamento multidisciplinar com reumatologista, psicólogos, psiquiatra, fisioterapeuta, educador físico, serviço social, entre outros, pode ser necessário.
Por ser pouco conhecida, a maior conscientização da população a respeito da Fibromialgia é fundamental. Um dos maiores motivos de sofrimento dos pacientes é o fato de a fibromialgia nem sempre ser reconhecida como uma condição real. Então, muitos têm o seu sofrimento não legitimado pelas pessoas do seu vínculo social, profissional e, até mesmo, pela própria equipe de Saúde. Sendo assim, os indivíduos com a doença precisam identificar seus sintomas para buscar avaliação médica precoce, enquanto aqueles que não possuem a condição precisam estar bem orientados sobre o quadro clínico e o real impacto que a doença traz para a qualidade de vida, a fim de dar suporte aos seus familiares, amigos e profissionais que compartilham do mesmo ambiente de trabalho.
Dr. Isaac Braz especialista em Reumatologia da clínica EVCiti/Quiron (Grupo CITA). Reumatologista pela UNIFESP, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia, membro da Sociedade Paulista de Reumatologia