Nutricionista Patrícia Santiago explica que o consumo excessivo também pode resultar em aumento da frequência cardíaca, pressão arterial elevada e refluxo ácido
Apesar dos contínuos alertas de médicos, pediatras e especialistas sobre os perigos associados ao consumo de café e outros alimentos cafeinados por crianças, pesquisas recentes trouxeram à tona uma realidade preocupante: muitos pais estão permitindo que seus filhos pequenos, incluindo bebês, consumam essas bebidas.
Em um estudo com mães na cidade de Boston, revelou que 14% das entrevistadas permitiam que seus filhos de apenas 2 anos de idade consumissem entre 1 e 4 porções de café por dia. Vale lembrar que meia xícara de café é considerada equivalente a 4 porções. Surpreendentemente, o estudo também identificou que 2,5% das mães ofereciam café a crianças de apenas 1 ano.
A médica Patrícia Santiago explica que o consumo de café com cafeína, chás, refrigerantes, bebidas esportivas e produtos semelhantes não é indicado para crianças com menos de 12 anos, já adolescentes entre 12 e 18 anos devem limitar sua ingestão a menos de 100 miligramas por dia, equivalente a aproximadamente uma xícara de café.
Ela destaca que, no entanto, a preocupação se estende além do café, “Por exemplo, uma garrafa de bebida esportiva pode conter quase 250 miligramas de cafeína, dependendo da marca. Uma xícara de chá pode carregar até 47 miligramas, enquanto um refrigerante diet pode conter 46 miligramas, até mesmo o chocolate contém cafeína, com a quantidade aumentando à medida que a coloração do chocolate se torna mais escura”, explica Patrícia.
Mas por que a cafeína é tão preocupante para crianças? A resposta reside, em grande parte, nas diferenças de tamanho corporal. Crianças são menores do que adultos, o que significa que uma quantidade relativamente pequena de cafeína pode ter efeitos desproporcionalmente intensos sobre elas, “O consumo excessivo de cafeína por crianças pode resultar em aumento da frequência cardíaca, pressão arterial elevada, refluxo ácido, ansiedade e distúrbios do sono, alterar a absorção de cálcio, especialmente em idades mais tenras. Em doses elevadas, a cafeína pode até mesmo representar riscos graves”, alerta Santiago.
Conforme observa a Dra. Patrícia Santiago, é comum que crianças comecem a solicitar bebidas com cafeína, como café, ao observarem os adultos ao seu redor consumindo. Isso faz com que se sintam mais ‘adultas’, e os pais, por vezes, consideram isso inofensivo e permitem que consumam a bebida.
Outra consideração importante é o impacto dessas bebidas na dieta geral das crianças. Embora a cafeína seja um estimulante que aumenta o estado de alerta, ela possui um valor nutricional limitado. Portanto, há uma preocupação de que o consumo de bebidas cafeinadas possa substituir opções mais saudáveis, como vitaminas de frutas e água, na dieta das crianças.
A especialista finaliza que, se uma criança ou adolescente sente necessidade de cafeína para ficar acordado, é crucial trabalhar em conjunto com um pediatra para identificar as causas subjacentes da fadiga e da necessidade de estimulantes. O bem-estar e a saúde das crianças devem ser priorizados, garantindo que recebam a nutrição adequada para um crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Portanto, a orientação é clara: evite a cafeína na dieta infantil e busque aconselhamento de profissionais de saúde sempre que necessário.
Sobre Patrícia Santiago
Patrícia é graduada em medicina pela Universidade Estadual do Amazonas desde 2013, com pós graduação em Nutrologia. Atua na área de emagrecimento e performance desde 2015 com ampla experiência no acompanhamento de pacientes bariátricas. No momento desenvolvendo a comunicação digital para pacientes com foco em reeducação alimentar, mudança de estilo de vida e alta performance.