Os planos de saúde e os demais players do setor vêm sofrendo com impactos operacionais causados pelo aumento da sinistralidade. Com isso, as empresas estão apostando, para sobreviver à crise em que estão, na verticalização, termo usado para designar companhias complementares do setor que se fundem ou criam parcerias buscando suprir todas as necessidades da cadeia de valor (por exemplo, oferecer desde consultas até a execução de exames e procedimentos cirúrgicos dentro do rol de empresas participantes).
Outra tese também já há muito tempo falada e que pode aliviar o sistema é estruturar o atendimento em camadas, algo preconizado pelo SUS e mais recentemente pelas healthtechs. Neste caso, um médico clínico geral ou da família faz a primeira avaliação e, a depender do diagnóstico, encaminha para o profissional especializado. Mais custoso para o convênio quando o paciente procura diretamente o especialista, investir no atendimento em camadas ou na verticalização tem, sem dúvida, se tornado uma vantagem competitiva para as redes.
Para Alexandre Sgarbi, diretor da Peers Consulting & Technology, outra possível solução é ir além do que já vem sendo feito e utilizar a tecnologia e a transformação digital para as empresas encontrarem o equilíbrio na balança. Os benefícios vão desde informações sobre a saúde do paciente mais organizadas e estruturadas à melhor gestão dos custos, como fluxo de aprovação de procedimentos, reembolsos e etc., facilitando assim a identificação de potenciais fraudes e as diferenciando de situações que demandam mais atenção.
Porém, ainda que este seja um caminho, historicamente muitos desses movimentos acabaram por frustrar os profissionais de saúde por entenderem que este processo acaba “informatizando a burocracia” ou pelo fato das companhias buscarem um cenário de “revolução digital” em que, antes de se habituarem com eventuais mudanças, já as querem aplicadas todas de uma vez. A jornada evolutiva do sistema, segundo o profissional, deve passar pela tecnologia sem necessariamente trazer sempre significativas evoluções, mas obtendo resultados satisfatórios à operação. Para as companhias do setor de saúde que desejam se fortalecer e sobreviver, a chave é aportar tecnologias específicas e viáveis a cada nível de maturidade do negócio.