Pesquisa do Datafolha mostra que cuidar da saúde íntima ainda é um tabu para as mulheres brasileiras; especialista alerta sobre as doenças ginecológicas silenciosas
De acordo com a pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 5,6 milhões de mulheres do nosso país não costumam frequentar consultas ginecológicas. Esse número representa quase 13% da população feminina brasileira. Essa falta de procura pelo especialista pode gerar alguns problemas ginecológicos que são silenciosos, como a endometriose, a adenomiose e os miomas e isso pode acarretar em complicações na saúde dessas mulheres.
Segundo o especialista em saúde da mulher, Dr. Thiers Soares, doenças como a endometriose – doença inflamatória que ocorre quando o endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero se expande para fora do órgão – podem ser diagnosticadas com um atraso de até 8 anos dos seus primeiros sintomas. Isso porque sem o devido acompanhamento, as mulheres podem interpretar os indicativos da doença como características “normais” do período da menstruação. “Muitas mulheres acabam não percebendo que têm endometriose porque os sintomas são semelhantes aos do período menstrual. Cólicas fortes, fluxo aumentado e indisposição. Mas quando esses sinais se tornam recorrentes, em todos os meses, já é a hora de investigar esse quadro”, conta Soares.
Outra doença que pode surgir sem ao menos as mulheres perceberem é a adenomiose. Ela é responsável pelo crescimento do tecido endometrial na parede interna do útero, e de forma silenciosa, afeta o funcionamento do órgão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres pode sofrer com a adenomiose, e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) aponta que 35% das mulheres que têm esta doença são assintomáticas, e sua cura só acontece com a realização da histerectomia (retirada total do útero). Assim, a doença com sintomas comuns, quase imperceptíveis sem uma rotina de exames preventivos, passa a ser um dos principais fatores para a infertilidade feminina.
Para Thiers Soares, alguns tabus em relação à saúde da mulher ainda precisam ser quebrados, principalmente agora, aproveitando as campanhas como a do Outubro Rosa, que identificam também outras doenças femininas que aparecem de forma repentina na vida das pacientes. “Só a conscientização do autocuidado e o conhecimento sobre essas doenças silenciosas podem ajudar as mulheres a avançarem o sinal verde para seguir suas vidas e viverem melhor.” ressalta.