Psicóloga atenta para os sintomas e cuidados com a terceira doença mais comum em adolescentes

Considerada o mal do século pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão já desponta como a terceira doença mais comum em adolescentes. Dados do Ministério da Saúde revelam que, aproximadamente, 60% dos jovens abordados em consultas médicas relatam ter sentimentos depressivos, com frequência maior entre as meninas.

Para a psicóloga do Grupo Prontobaby, Talitha Nobre, apesar de mais comum entre jovens, existem quadros de depressão também na infância e os pais precisam estar atentos.

“É possível que a criança seja acometida por esse e até outros transtornos psicológicos. O diagnóstico é difícil porque os sintomas podem ser confundidos com as fases de desenvolvimento infantil. É importante que os responsáveis tenham atenção a qualquer mudança drástica no comportamento ou até sintomas repetidos no corpo, como dores que não melhoram com remédio e não têm justificativa”, comenta a psicóloga e psicanalista, membro do corpo freudiano do Rio de Janeiro.

Indicadores mostram que a entrada na pré-adolescência e a mudança no corpo podem resultar em um período mais difícil e, consequentemente, propício ao desenvolvimento de algum transtorno psíquico. “Cada mudança de fase se torna um período de dificuldade e isso gera angústias”, pontua a psicóloga.

No mês que traz um alerta de prevenção ao suicídio, um dos grandes desafios é conscientizar os pais de que a depressão pode estar dentro da sua casa. A seguir, psicóloga Talitha Nobre atenta para as dificuldades da doença e quando procurar ajuda. Confira:

Quais os sinais de depressão na infância?

Os sintomas se manifestam sempre de forma singular, mas podemos identificar alguns mais comuns, como mudança na alimentação (perda ou excesso de apetite), irregularidade no sono (insônia, cansaço ou sono demasiado), fraco desempenho na escola, fadiga, irritabilidade, agressividade, dificuldade para se separar dos pais.

É importante destacar que um sintoma isolado pode ter a ver com o próprio desenvolvimento da criança. Fique atento e não deixe de ter a opinião de um especialista.

A criança, diferente do adulto, não consegue compreender o que está sentindo e nem colocar em palavras, então é muito comum que, caso esteja passando por algum processo de angústia, comece a apresentar muitos sintomas como uma forma de dizer.

Quando procurar ajuda?

Se há alguma dúvida dos pais sobre o sofrimento psíquico, já é interessante procurar um psicólogo para poder ajudar nesse diagnóstico.

Quando os sintomas começam a prejudicar diretamente a rotina da criança, em especial, torna-se fundamental a entrada de um profissional.

Quais são as causas da depressão infantil?

Os transtornos psíquicos são de ordem singular e estão ligados à maneira como cada um sente determinada experiência.

Mas é comum que crianças que sofrem bullying na escola, que são afastadas dos pais, que estão vivendo algum luto ou alguma mudança de casa ou escola, possam se angustiar demasiadamente. O abuso na Infância também é um forte fator determinante para a depressão.

Se os pais têm depressão é possível que o filho tenha?

Existem estudos que apontam para uma ligação genética como uma pré-disposição para a depressão, o que não é uma sentença. Para a psicanálise, a depressão está ligada a fatores psicossociais e se manifesta de forma particular em cada sujeito.

A criança pode ficar mais depressiva ao usar o celular?

O excesso de tela pode ser prejudicial por uma série de fatores. A interação social é fundamental para o desenvolvimento da criança e o celular, cada dia mais, está substituindo essa relação da criança.

O tempo excessivo de tela pode acarretar também outros transtornos. Quanto mais amplo for o repertório para a criança brincar, melhor será o seu desenvolvimento.

Como não ser invasivo e fazer com que meu filho confie em mim nesses casos?

O primeiro passo é se colocar à disposição, conversar com objetivo de ouvir sem julgamento. É importante que a criança ou adolescente se sinta segura para poder falar. Se ela não sentir um cenário acolhedor, dificilmente decidirá compartilhar aquilo que está sentindo.

De uma maneira geral, é necessário que os pais estejam atentos a qualquer mudança de comportamento e que as escolas também atuem de maneira preventiva, procurando a ajuda de um psicólogo, quando necessário.