Paciente com glicemias controladas tem menor risco de gravidade na evolução do Covid-19

A segurança está nos hábitos saudáveis e na regularidade do tratamento; consultas periódicas são importantes porque o médico pode detectar os fatores desencadeantes da descompensação

Dia 27 de junho é o Dia Mundial do Diabético. O portador dessa doença crônica está ainda mais em evidência em função do risco de complicações em sua saúde que a infecção por Covid-19 e sua evolução pode apresentar no organismo.

A pessoa diabética requer mais atenção durante a pandemia porque, ao adoecer pelo coronavírus, pode ter uma evolução do quadro viral com maior gravidade. “A hiperglicemia persistente interfere na imunidade do indivíduo. Por isso é muito importante o paciente estar com o controle glicêmico adequado”, alerta a Dra. Lilian Suzigan, endocrinologista do Vera Cruz Hospital e Vera Cruz Casa de Saúde.

A médica explica que as alterações glicêmicas, a longo prazo, podem provocar lesões em vários órgãos. Problemas renais, nos olhos, coração e vasos sanguíneos são alguns dos mais comuns. “Monitorar frequentemente a glicemia e ajustar as medicações com orientação médica são procedimentos que previnem o agravamento não só do Covid-19, como também do diabetes”, avisa.

Chave para o sucesso

Dra. Lilian enfatiza que o controle glicêmico é a chave para o sucesso e saúde. Ela frisa que com a quarentena e o medo de sair de casa, a mudança de rotina, o aumento do estresse e o abuso alimentar – maior consumo de fast food e guloseimas -, além da diminuição ou parada do exercício físico, tendem a alterar as glicemias e levar o paciente a descompensação.

A doutora reforça que as medicações de uso contínuo devem ser mantidas e que o diabético, ou qualquer outra pessoa, não deve se automedicar.

“O risco de complicações no Covid-19 é menor em pessoas com bom controle da doença. Manter o tratamento e a regularidade no acompanhamento são fundamentais e, se necessário, deve procurar atendimento médico”, pontua Dra. Lilian.

Por outro lado, a chance de piora por conta doa Covid-19 aumenta nos pacientes com longa história de diabetes, mau controle metabólico, outras doenças concomitantes e, especialmente, nos idosos, independente do tipo de diabetes. Os sintomas do coronavírus são os mesmos em pacientes diabéticos e não diabéticos.

“Caso o paciente com diabetes esteja com suspeita de Covid, além de seguir todas as orientações do isolamento social e domiciliar, é fundamental a monitorização das glicemias capilares com maior frequência, pois a infecção pelo vírus aumenta as glicemias, podendo descompensar o diabetes. E claro, procure atendimento médico se apresentar piora dos sintomas e das glicemias”, indica a Dra. Lilian.

Sobre o diabetes

Diabetes Mellitus é uma doença crônica caracterizada por hiperglicemia persistente, decorrente da deficiência na produção ou na ação da insulina, ou em ambas. O distúrbio está associado a disfunções em órgãos alvo, ao aumento da morbidade, redução da qualidade de vida e elevação da taxa de mortalidade (1,5 a 3,6% quando comparado à população geral).

Estima-se que 425 milhões de pessoas no mundo tenham diabetes mellitus e 16 milhões no Brasil, sendo considerada uma das grandes epidemias mundiais e problema de saúde pública, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento.

Isso se deve ao envelhecimento populacional e aos avanços no tratamento, mas, principalmente ao estilo de vida atual: sedentarismo e hábito alimentar (fast food, alimentos ultraprocessados) que predispõe ao ganho de peso/acúmulo de gordura corporal.

A mudança do estilo de vida – exercício físico e alimentação saudável – reduz a incidência do Diabetes Mellitus tipo 2 em 58% em três anos, sendo fundamental na prevenção e no controle da comorbidade.

É uma doença insidiosa, na maioria das vezes, assintomática ou com poucos sintomas por um longo período. Os sintomas clássicos para algumas pessoas são: aumento da frequência em urinar, da sede, do apetite e emagrecimento inexplicado. O diagnóstico é obtido por exames laboratoriais.

O tratamento tem como objetivo o controle glicêmico, mantendo as glicemias dentro do alvo estabelecido e sem grandes variações agudas.