Esclerose Múltipla atinge mais adultos jovens

Neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz aponta que o diagnóstico e tratamento precoce é essencial para proporcionar o controle da doença

São Paulo, 25 de agosto de 2020 – O dia 30 de agosto é marcado como o Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla, doença autoimune, inflamatória, crônica e desmielinizante do sistema nervoso central. Apesar do senso comum, a esclerose múltipla não é uma doença que acomete mais idosos. Pelo contrário, os mais atingidos são os adultos jovens, entre 20 a 40 anos, e na maioria dos casos são em mulheres.

“O problema é que muitos pacientes são diagnosticados tardiamente, e por isso perde-se tempo importante no tratamento, o que muitas vezes pode levar a surtos e incapacidades permanentes”, explica o neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Diogo Haddad. “Hoje, com a individualização do tratamento, a qualidade de vida de uma pessoa com diagnóstico precoce é quase semelhante à de quem não tem a doença. Não é sinônimo de morte, nem de perda de funcionalidade ou de alterações de atividades diárias, como se imaginava há muitos anos”, complementa.

Como a doença age?

A ciência ainda não descobriu a causa exata da esclerose múltipla. O que se sabe é que por motivos genéticos e/ou ambientais o sistema imunológico começa a atacar a bainha de mielina, uma espécie de ‘capa’ que envolve as fibras nervosas na substância branca do cérebro e na medula espinhal. Essa agressão a mielina compromete a função do sistema nervoso central e as funções ligadas ao trânsito de informações dos neurônios para o resto do corpo. E esse acometimento faz com que os sintomas se manifestem e cause os quadros inflamatórios.

As crises inflamatórias são o que os neurologistas chamam de surtos, que danificam a bainha de mielina causando cicatrizes, além de uma degeneração das fibras nervosas. Esses surtos ocorrem aleatoriamente, variando a frequência em cada paciente.

Não tem cura, mas tem tratamento

Apesar de não ter cura, atualmente existem diversos medicamentos, que além de reduzir a atividade inflamatória e evitar a progressão da doença, também tratam os sintomas, que afetam muito a qualidade de vida dos pacientes. Fadiga, alterações visuais, rigidez nos membros, fraqueza muscular, desequilíbrio, alterações sensoriais, dores no corpo e articulações, disfunção na bexiga e/ou intestino, disfunção sexual, dificuldade na articulação da fala, dificuldade de deglutição, alterações emocionais e cognitivas estão entre as queixas mais frequentes entre os pacientes.

“Os sintomas são diversos e nem sempre o paciente vai ser acometido por todos. Por isso, é fundamental procurar um neurologista caso apresente algum dos sintomas associados à esclerose múltipla. Isso é extremamente importante para não atrasar o diagnóstico da doença”, comenta Dr. Diogo Haddad.

O especialista ainda aponta que atualmente existem mais de dez medicações disponíveis, conhecidas como imunomoduladores, que vão atuar de acordo com perfil diagnosticado da doença e sintomas apresentados pelo paciente, e que apesar de terem um custo alto, a maioria está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Na última década, o tratamento da esclerose evoluiu bastante graças aos grandes investimentos feitos em pesquisa. “Embora seja uma doença crônica, conseguimos controla-la de maneira satisfatória quando ela é diagnosticada precocemente e tratada de forma adequada”, finaliza Haddad.