Dia Nacional de Doação de Órgãos: transplantes mudam vidas

Conheça a história de Diego, que perdeu a função renal aos 16 anos e hoje vive normalmente graças ao rim doado por sua mãe. Com medo da cirurgia em sua mãe, ele adiou a decisão de buscar o transplante

Os rins do contador Diego Lima de Albuquerque, de 28 anos, de Nova Iguaçu, pararam de funcionar adequadamente há dez anos, quando ele ainda era um adolescente de 16 anos que amava praticar esportes. Sem nenhum sintoma aparente, a doença renal de Diego foi descoberta porque ele ficou muito amarelo e o médico pediu exames. Logo, foram constatados problemas renais comprovados pela creatitina muito alta na urina.

A doença estava muito avançada e Diego já tinha que iniciar hemodiálise, o tratamento que garante a vida de pacientes renais cujos rins não conseguem mais filtrar o sangue. Mas para isso, o paciente precisa ir a uma clínica no mínimo três vezes por semana e ficar durante três a quatro horas com o braço ligado à máquina de hemodiálise. Uma rotina que para um adolescente parecia difícil de manter. Ele fez também a diálise peritoneal, em casa, mas era uma rotina que o incomodava.

Logo, os médicos disseram que ele poderia tentar realizar uma cirurgia de transplante, e que o rim poderia vir de um doador vivo ou não. A mãe de Diego se ofereceu, mas ele teve muito medo de submetê-la a uma cirurgia e foi adiando a ideia. “Descobrir-se um doente renal é bem difícil. A vida muda, passamos a ter que tomar remédio, fazer dietas bastante restritivas, eu acabei abandonando a escola porque faltava muito. Então foi aí que decidi buscar, depois de algum tempo, o transplante, apesar de muitas pessoas dizerem que eu viveria pior, porque tomaria remédios imunodepressores e ficaria sempre doente. Acho que o apoio e o tratamento que recebi da Clínica de Doenças Renais (CDR) de Nova Iguaçu foram grandes diferenciais para eu primeiramente enfrentar a doença renal com todas as mudanças e depois ter coragem de transplantar”, conta.

Hoje Diego está muito bem, com a saúde normal e recomenda o transplante

Diego fazia aulas de ensino para jovens e adultos à noite, num supletivo, porque tinha deixado a escola e queria ir adiante. “Logo depois do transplante, em 2011, terminei o EJA. Fiz um curso de tecnólogo e depois faculdade de ciências contábeis. Já são dez anos de transplante. Eu só tenho a agradecer por toda a superação que consegui alcançar e sempre que posso vou à clínica contar a minha história aos outros pacientes, porque a gente precisa vencer os medos e os preconceitos. Eu não adoeci porque transplantei, como as pessoas diziam que ia acontecer, e até a Covid eu superei, não tive sequelas. Imagina se não tivesse transplantado. Como poderia estar a minha vida? Eu era muito jovem para desistir dos meus sonhos. Agradeço muito também a minha mãe que sempre esteve do meu lado. A melhor escolha é buscar um transplante, e se cuidar para que seja viável. Hoje vou ao médico a cada três meses, trabalho normalmente, vou para a academia. Tenho sim algumas limitações, não posso ter impacto no abdômen, como em alguns esportes. Contudo, minha qualidade de vida é quase igual a de quem nunca passou por uma doença renal”.

A médica nefrologista da Fresenius Medical Care, Dra Ana Beatriz Barra, explica que o transplante é a opção para a falência renal que mais se aproxima de uma vida normal, por oferecer mais liberdade e maior expectativa de vida. “Todos os pacientes em diálise devem discutir esta opção de tratamento com seus médicos”, diz.

Mas nem sempre os pacientes conseguem passar pelo transplante. Muitos aguardam na fila por anos. Por isso, quanto mais pessoas se declararem doadoras de órgãos, melhor é. Pois existem muitos casos de incompatibilidade. “O Diego teve a sorte de a mãe poder doar e eles serem compatíveis. Mas muitos não encontram essa facilidade. Enquanto o rim não chega, a missão da clínica de hemodiálise é deixar o paciente com a melhor condição de saúde possível. E depois do transplante, a nefrologia trabalha para que o paciente reduza seu risco de rejeição ao órgão. Nos orgulhamos muito dos resultados alcançados e temos a certeza e esperança de que ainda teremos muito mais transplantes no Brasil”, finaliza a médica.