Tratamento com células tronco são esperança para controlar o problema

O vitiligo atinge mais de um milhão de pessoas no Brasil. Dermatologistas falam sobre as causas e as novas tecnologias para tratar a doença

Embora não seja uma doença contagiosa, ainda há preconceito em relação ao vitiligo. Por conta das manchas brancas que se alocam em determinadas partes do corpo, muitos acham que essa doença pode ser transmissível. Mas é um engano. “Trata-se de uma patologia idiopática. Ou seja, ocorre de modo espontâneo, sem razão aparente e não se forma a partir de outra doença”, diz a dermatologista Paula Rahal, da Clínica Otávio Macedo e Associados, de São Paulo. “Ela se caracteriza pela perda da pigmentação natural da pele, que se torna branca (hipocrômica ou acrômica). Pode ser segmentar, localizada ou generalizada”, completa Paula.

O vitiligo pode acontecer em qualquer época da vida, mas costuma aparecer antes dos 30 anos de idade. Afeta homens e mulheres na mesma proporção e pode ocorrer em todos os tipos de pele, porém é mais perceptível em pessoas de fototipos mais altos (morenos, pardos e negros). Há diferenças entre os quadros da doença, pois as manchas podem se manifestar em várias áreas. Existe a manifestação segmentada ou unilateral, ou seja, as manchas se formam só em um lado do corpo. E também a não segmentada ou bilateral, na qual as marcas aparecem em duas partes ou lados do corpo.

Acredita-se que seja uma doença autoimune, em que o corpo produza anticorpos contra os melanócitos (células que produzem a melanina, responsáveis pela pigmentação). “Porém, sabe-se que outros fatores estão envolvidos e que o estresse, trauma, medicações, exposição química e histórico familiar podem estar associados ao aparecimento da doença”, diz o dermatologista Otávio Macedo.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico normalmente é clínico, podendo ser feito também com ajuda de alguns dispositivos como a Lâmpada de Wood (equipamento que permite verificar a presença de lesões em pele mais claras). Quanto ao tratamento, depende do tamanho das lesões, tempo de desenvolvimento e estabilidade da doença. Pode ser feito com cremes tópicos, medicação oral, fototerapia.

No entanto, a resposta com esses tratamentos pode ser mais demorada. Mas novas terapias vêm tendo bons resultados, como enxertos de peles ou de células tronco da pele normal para áreas de vitiligo. “O transplante de células tronco retiradas dos folículos pilosos estão sendo cada vez mais utilizados”, diz Paula Rahal. Uma amostra de pele de tecido sadio é retirada e levada a um centro de referência para expansão celular biológica e então milhares de células tronco são aplicadas nas áreas acometidas com seringa. O número de sessões e o intervalo entre elas varia de acordo com o tamanho e severidade do vitiligo.

“Acredita-se que melanócitos vindos da área doadora migram para a superfície da pele e assim são capazes de fazer a repigmentação. Essa técnica deve ser considerada não só pelos resultados encorajadores, mas também para ajudar a garantir uma melhor adesão ao tratamento, que costuma ser longo e duradouro”, afirma Paula.

Sobre os médicos

Otávio Macedo

Formado pela Faculdade de Medicina de Taubaté/S, tem residência em Dermatologia/Cosmiatria em Lausanne, na Suíça; em Buenos Aires, na Argentina; e em Paris, na França. É autor, entre outros títulos, das obras A Construção da Beleza, Benefícios da Cirurgia Estética a Laser, este em parceria com Tina Alster e Lydia Preston; e Segredos da Boa Pele, todos da Editora Senac. O livro Acne tem Cura foi lançado pela editora Globo em 2007 e o projeto AKNE em 2016.

Paula Rahal

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC , tem especialização em Dermatologia Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas, Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. É Sócia Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sócia Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.

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