De acordo com urologista, o vírus atinge inúmeras áreas responsáveis pela potência sexual do organismo masculino

Mesmo após quase dois anos de circulação, a COVID-19 ainda afeta a saúde humana das mais variadas formas e, por ser uma doença nova, as sequelas entre as pessoas que contraíram o vírus, estão sendo descobertas aos poucos.

Uma delas é a disfunção erétil. Segundo um estudo realizado pela Universidade de Roma e publicado na revista científica Andrology, dos cem indivíduos analisados, entre eles 25 testados positivo para o vírus e 75 negativos, a prevalência da impotência sexual foi de 28% entre aqueles que foram infectados pela COVID-19, contra 9,33% no grupo dos que não contraíram o vírus.

“Isso acontece devido a inúmeros fatores decorrentes da COVID-19” afirma o urologista Leonardo Lins, doutor em urologia pela Faculdade de Medicina do ABC e titular da Sociedade Brasileira de Urologia.

“Para acontecer uma ereção, a circulação do sangue aumenta e os corpos cavernosos (estruturas paralelas esponjosas) são preenchidas de sangue, o que deixam o pênis maior e ereto.”

O médico conta que é nesse processo que a COVID-19 interfere.

“O vírus causa o aumento de substâncias inflamatórias ao endotélio dos vasos que irritam as estruturas esponjosas, o que diminui o fluxo sanguíneo e dificulta o processo de ereção.”

Além deste, há outras possíveis explicações para a impotência sexual após a infecção pelo vírus, como a queda nos níveis de testosterona, mesmo em homens que tiveram sintomas leves da doença.

“Isso ocorre porque as células de Leydig do testículo expressam algumas proteínas utilizadas pelo vírus para a sua entrada e dano celular”, explica o urologista.

Aqueles que após serem infectados pela COVID-19 não conseguiram recuperar 100% da sua capacidade respiratória, também podem sentir dificuldades em manter a ereção no ato sexual, uma vez que a diminuição da saturação de oxigênio e da oxigenação dos tecidos do corpo, incluindo o pênis, podem impactar de forma indireta na potência sexual.

Felizmente, o distúrbio sexual não parece ser permanente. Entretanto, ao mínimo sinal do quadro, é fundamental procurar um médico.

“Quanto mais o tratamento é adiado, mais difícil é encontrar uma solução. Logo, ter um diagnóstico no início do problema, possibilita um tratamento mais eficaz e evita que maiores inseguranças apareçam”, finaliza o especialista.

Sobre o especialista – Dr. Leonardo Lins é Urologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Urologia e também é assistente da disciplina de urologia da FMABC. Atua há mais de 10 anos com cirurgião urológico nos principais hospitais de São Paulo. É membro da Sociedade Americana de Urologia (AUA) e da Sociedade Internacional de Medicina Sexual, e é Fellow do Comitê Europeu de Medicina Sexual (2020).