Empresa de Atenção Domiciliar Home Doctor realiza estudo sobre telemonitoramento de ventilação mecânica dos pacientes com ótimos resultados

Publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, que é veiculado internacionalmente, o trabalho mostrou que a supervisão remota elevou a eficácia do tratamento e melhorou seu manejo operacional e logístico

Um levantamento brasileiro mostrou que aproximadamente 300.000 pacientes são submetidos a tratamento domiciliar anualmente, sendo que 6% deles necessitam do chamado suporte ventilatório que consiste no uso de respiradores artificiais como suporte de vida. Esse número tende a ficar ainda maior, já que o atendimento oferecido em domicílio tem crescido entre 15 e 20% anualmente. Apesar dessa grande demanda, ainda existem barreiras para permitir que essas pessoas possam receber alta e continuar o tratamento em casa e elas envolvem a parte logística, a segurança e a estabilidade do paciente, a sobrecarga de trabalho da equipe, o conhecimento clínico para otimizar o padrão ventilatório de acordo com as necessidades de cada indivíduo, entre outros fatores. A tudo isso se soma a falta de um padrão de cuidado baseado em evidências, o que faz com que essa seja uma tarefa ainda mais desafiadora.

O telemonitoramento dos pacientes sob ventilação mecânica domiciliar é uma boa opção para combater esses entraves, reduzindo as visitas ao pronto-socorro e melhorando a gestão e os resultados do paciente. Apesar disso, existem poucos dados brasileiros sobre o tema. Pensando nisso, a Home Doctor, uma das maiores empresas de home care do país que atende mais de 5500 pessoas por ano, dos quais 10% necessitam de suporte ventilatório e que utiliza o telemonitoramento desde 2021, se prontificou a fazer um trabalho baseado nos resultados de seus 34 primeiros pacientes que foram selecionados entre abril de 2021 e março de 2022. A média de idade dos voluntários era de 33,4 anos, a maioria mulheres (62%) e o diagnóstico prevalente foi doença neurológica/neuromuscular (59%).

Todos os ventiladores foram acoplados a modens para transmitir os dados para uma nuvem diariamente ou sob demanda. Os parâmetros e configurações dos ventiladores podiam ser avaliados e todas as ativações de alarme podiam ser monitoradas. Os dados de cada paciente foram analisados por um fisioterapeuta clínico três vezes por semana e o profissional repassava as informações à equipe clínica durante uma reunião semanal de rotina. Diante disso, qualquer providência a ser tomada era passada ao fisioterapeuta responsável por cada caso.

Todas as variáveis foram analisadas, como as configurações dos aparelhos, as horas diárias de uso, os vazamentos, o volume corrente, a frequência respiratória, a porcentagem de disparos espontâneos e os alarmes ventilatórios ativados com maior frequência. Além disso, cada intervenção decorrente do monitoramento dos ventiladores foi categorizada em ajustes relacionados a problemas, fixação da máscara ou frequência de aspiração, otimização dos parâmetros ventilatórios, como pressão inspiratória ou expiratória e frequência respiratória, ajustes do alarme, identificação de deteriorização clínica precoce, ajustes do equipamento, identificação da manipulação do equipamento por familiares sem autorização e ajustes na oxigenoterapia, por exemplo.

As avaliações feitas em um período de três meses pré e pós-telemonitoramento dos 34 pacientes analisados mostrou que houve reduções nas visitas clínicas para o manejo da ventilação mecânica e nos dispositivos que exigiam troca de equipamento. Os resultados obtidos pela equipe da Home Doctor também corroboraram com a questão de que o download dos dados ventilatórios pode ser utilizado para auxiliar na tomada de decisões dos médicos para permitir que a ventilação mecânica domiciliar seja feita da maneira certa, pois 50% dos casos analisados tiveram otimizações dos parâmetros relacionados ao processo, do controle de vazamento, do volume corrente e das configurações de alarme, por exemplo.

O telemonitoramento também foi muito útil para diminuir algumas consultas clínicas ou as tornar mais assertivas devido ao conhecimento prévio dos dados. Além disso, ficou claro que esse tipo de controle promoveu sensação de maior bem-estar e segurança para todos os envolvidos.