A Drª Cristiana Meirelles, pediatra infectologista e gerente médica da Beep Saúde, explica quais são as vacinas indicadas para bebês de 2 meses de idade e contra quais doenças elas protegem

Muito se ouve falar sobre como o ato da vacinação é um importante pacto social, mas poucos, de fato, entendem o que isso significa. Em linhas gerais, a vacina funciona como uma forma de preparar o organismo para criar respostas imunológicas e “memórias celulares” frente a microorganismos como vírus e bactérias. “Um dos grandes vilões da falta de proteção coletiva é o que chamamos de mutação genética”, afirma a Drª Cristiana Meirelles, gerente médica da Beep Saúde, health tech líder em saúde domiciliar no país.

“Toda vez que um vírus, por exemplo, atinge uma célula, ele realiza cópias dentro daquele organismo para poder se replicar. Durante esse processo, não é incomum, contudo, que erros sejam cometidos e ocorram mutações no código genético, gerando novas cepas e variações dele mesmo. Assim, quanto mais mutações, maior a chance de aumento da transmissibilidade e adaptação dos vírus”, ressalta.

O exemplo mais recente foi o da própria pandemia de Covid-19, que registrou uma série de novas cepas até que os imunizantes e a cobertura vacinal chegassem até a população mundial. Para além dos já conhecidos problemas socioeconômicos e sanitários decorrentes do Coronavírus, há uma epidemia silenciosa assolando, principalmente, o povo brasileiro: a falta de vacinação contra outras doenças, em especial no público infantil.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a cobertura vacinal em crianças tem registrado a maior queda contínua nas últimas três décadas, colocando o país entre os dez com mais crianças que possuem o calendário de vacinação atrasado.

“O negligenciamento em relação à imunização ativa contra bactérias e vírus é prejudicial para todas as idades, mas torna-se particularmente mais perigoso quando falamos do público neonatal e infantil. A vacina auxilia o organismo a criar anticorpos para combater doenças, e os pequenos ainda não tiveram tempo para desenvolver essas “barreiras” para protegê-los naturalmente, fazendo com que a imunização nos estágios iniciais da vida seja ainda mais necessária”, comenta Cristiana.

Ainda assim, o Brasil é considerado referência internacional graças a seus programas de vacinação. Logo nos primeiros meses de vida, há pacotes para bebês de 2 a 6 meses. A Beep, por exemplo, realiza campanhas de conscientização sobre a vacinação infantil, como, por exemplo, para crianças de 2 meses, incentivando a imunização e proteção desde o início da vida. Abaixo, a Drª Cristiana responde algumas das principais perguntas acerca do tema. Confira.

De que consiste o “pacote de 2 meses”?

Depois das vacinas administradas ao nascimento (BCG e hepatite B), há um grupo de vacinas que devem ser aplicadas aos 2 meses de vida. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, são recomendadas, preferencialmente, três vacinas: Hexavalente, Pneumocócica-13-Valente e Rotavírus Pentavalente.

E para que serve cada uma dessas vacinas?

Hexavalente: previne doenças como coqueluche, tétano, difteria, meningite por Haemophilus influenzae tipo b, hepatite B e poliomielite. Esta última, inclusive, foi erradicada no Brasil, mas com a baixa cobertura vacinal, o país agora é a segunda nação da América Latina e Central com mais risco de voltar com a doença, segundo a OPAS – Organização Panamericana da Saúde.

Pneumocócica-13-Valente: protege contra meningite, pneumonia e otite causadas por 13 sorogrupos de pneumococo (bactéria Streptococcus pneumoniae)

Rotavírus Pentavalente: auxilia na prevenção de infecções gastrointestinais causadas por 5 tipos de Rotavírus.

Existe diferença entre as vacinas de 2 meses disponíveis nas redes privada e pública? Se sim, quais são?

Ter conhecimento sobre as diferenças entre as vacinas possibilita que as escolhas sejam mais conscientes. Antes de falar das diferenças entre vacinas do SUS e da rede particular, vale ressaltar que todas são aprovadas pela Anvisa, são seguras e eficazes.

As principais vantagens são: a diminuição do número de picadinhas (no SUS são três picadinhas, enquanto no particular são duas), a ampliação da proteção (pneumocócica 10-valente x pneumocócica 13-valente e Rotavírus monovalente x Rotavirus pentavalente) e a redução de reações adversas como febre e episódio hipotônico-hiporresponsivo (mais comuns com a vacina pentavalente do SUS).

Ao optar pela vacinação na rede particular, os pais e responsáveis garantem para a criança uma proteção maior contra doenças prevalentes na infância como: gastroenterite aguda, otite, meningite e pneumonia.

Há risco de reações adversas com as vacinas?

É importante ter em mente que, para produzir uma vacina, utiliza-se o microorganismo ou parte dele (vírus, bactérias) de uma maneira enfraquecida (vivo atenuado) ou inativado (morto), para que o sistema imunológico possa reconhecê-lo e saber como reagir no momento de uma possível infecção.

Logo, é natural que haja algum tipo de reação, pois o corpo ainda está entendendo como lidar com esse agente infeccioso. No blog da Beep é possível conferir antecipadamente os possíveis sintomas de cada vacina, elencados desde os mais comuns até os mais raros. Também são demonstradas quais as contraindicações de cada imunizante.