Por Dra. Lilian Odo (Dermatologista) *

A transpiração é um fluido excretado pelo corpo, e que possui um papel importante na manutenção da temperatura corporal. Porém, algumas pessoas podem desenvolver um distúrbio que leva a uma produção excessiva de suor, chamado de hiperidrose. No Brasil, a doença atinge de 1% a 3% da população. Por isso, entender quais os tipos de condições existentes e as opções de tratamento pode ajudar a diminuir os sintomas, evitando assim o constrangimento social, profissional e emocional que acomete as pessoas portadoras dessa condição.

O suor excessivo é o principal sintoma da hiperidrose, que pode ser classificada como: primária focal, aparecendo na infância ou adolescência, normalmente nas axilas, mãos, pés, cabeça e rosto; ou secundária generalizada, que pode aparecer na fase adulta, por conta de uma condição médica ou por efeito colateral de medicações. Diferente da primária focal, as pessoas com a secundária podem suar em todas as áreas do corpo, ou em locais incomuns. Em ambos os casos, o diagnóstico deve ser realizado por um dermatologista, que poderá conduzir a melhor forma de tratamento.

Além das alternativas profissionais de ajuda, que serão abordadas mais adiante, existem recomendações comportamentais que podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes, como: evitar calor excessivo, buscar um profissional que auxilie o controle emocional (ansiedade, nervosismo), evitar alimentos picantes e consumo de álcool. Deve-se também evitar roupas apertadas, tecidos sintéticos, calçados fechados; aumentar as trocas frequentes de meias e sapatos, usar palmilhas absorventes, talco para os pés, e meias de algodão.

Tratamentos disponíveis

Antitranspirantes: são amplamente utilizados. Fazem parte desse grupo os antiperspirantes tópicos, com hexa-hidrato de cloreto de alumínio, medicação eficaz que é usada para aliviar sintomas leves a moderados. A ampla disponibilidade, custo-benefício e facilidade de uso o torna um tratamento de primeira linha. Porém em algumas pessoas pode causar irritação da pele e/ou alergia.

Medicamentos orais: reservados para casos resistentes, os anticolinérgicos inibem a estimulação da secreção das glândulas sudoríparas. Porém, os efeitos colaterais forçam um terço dos pacientes a interromper o tratamento, pois causam secura na boca e olhos, visão embaçada, hipertermia, hipotensão ortostática, problemas gastrointestinais, retenção urinária, taquicardia, sonolência, tontura e confusão mental.

Iontoforese: tratamento seguro e econômico, que utiliza corrente galvânica (eletricidade) com o objetivo de bloquear a glândula do suor das mãos e dos pés, onde é mais eficaz. Os efeitos colaterais incluem desconforto, secura, formigamento, vermelhidão, bolhas, rachaduras, e podem ser melhorados com hidratantes, creme tópico de corticosteróide, diminuição da frequência ou intensidade do tratamento.

Toxina Botulínica: é uma substância segura e eficaz para hiperidrose focal. São injeções administradas nas áreas afetadas com a intenção de bloquear a sudorese intensa por um longo período (em média 7 meses). A queixa mais comum é a dor causada pelas injeções. Após o procedimento pode haver formação de pequenos hematomas pelo trauma da agulha que em média dura de 2 a 4 dias. Para quem tem fobia a agulhas, a aplicação pode ser realizada através de um dispositivo pressurizado.

Tratamento cirúrgico: é considerado quando os tratamentos conservadores não funcionam. As técnicas cirúrgicas incluem excisão, curetagem, lipoaspiração das glândulas sudoríparas ou uma combinação dessas técnicas. A simpatectomia é um dos últimos recursos, pois o procedimento tem como objetivo interromper os sinais que avisam ao corpo para suar excessivamente, e podem levar a inúmeras complicações pós-operatórias, além de sudorese compensatória, quando o corpo começa a suar em outras áreas.

Embora não seja uma doença grave, a hiperidrose compromete a qualidade de vida das pessoas que a possuem. Buscar ajuda profissional é uma forma de tentar reparar a produção excessiva de suor. Lembrando sempre que o tratamento depende do diagnóstico, da localização, gravidade, segurança e efeitos colaterais, e que as opções mais “conservadoras” devem ser realizadas antes das opções mais agressivas e invasivas.

*A Dra. Lilian Odo é dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Fez especialização em Laser na Universidade de Hokkaido, Japão; e de Cicatrização na Universidade de Boston, EUA. Atualmente, é convidada para ministrar aulas em Congressos de âmbito Nacional e Internacionalhttp://clinicasodo.com.br/index.php/dra-lilian/