Manter uma rotina de hábitos saudáveis e fazer mudanças na alimentação pode ajudar no tratamento e no combate da obesidade, além de ser uma maneira de evitar outras doenças

A Covid-19 mata mais pessoas consideradas obesas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Não é a toa que a obesidade está entre os principais fatores de risco para complicações em pacientes com o novo coronavírus apontados pelo Ministério da Saúde, ao lado de doenças cardíacas, diabetes e idade avançada. A preocupação do Ministério também se baseia no levantamento que aponta que 56% da população brasileira está acima do peso.

Esse excesso se tornou algo tão sério em meio à pandemia, que muitos estados e países contraindicam a volta das pessoas às atividades normais com base no índice de massa corporal (IMC). Segundo o estudo publicado na revista científica OpenSAFELY, na Inglaterra, quanto maior o IMC, maior parece ser risco do quadro de Covid-19 se complicar. Quem tem um IMC entre 30 e 35kg/m² apresenta um risco 1,4 vez maior, enquanto indivíduos com IMC entre 35 e 40kg/m2 têm 1,8 vez mais risco. A pesquisa foi realizada a partir de uma colaboração entre o DataLab da Universidade de Oxford e a London Schooll of Hygiene and Tropical Medicine.

A médica e professora de infectologia do UniCEUB, Joana D’arc, explica que a obesidade é um fator de risco para paciente com o novo coronavírus devido à questão respiratória do indivíduo e às dificuldades em aplicar técnicas de respiração. “A dificuldade de respirar de pessoas obesas com SARS-CoV-2 aumenta porque, geralmente, não tem como aplicar algumas manobras, que são utilizadas para ventilação com objetivo de melhorar a oxigenação via pulmão, por causa do peso.” Ela ressalta ainda que “no tratamento da Covid-19 é muito utilizada a técnica de pronação. Ou seja, você deita a pessoa de bruços para dar um alívio na função pulmonar, visto que ela passa a não ter o peso do corpo em cima prejudicando a expansão do pulmão. Mas pessoas acima do peso costumam ter dificuldades de se virar e fazer essa pronação, então essa ventilação fica comprometida.”

Alimentação

O melhor caminho para evitar a obesidade é manter uma alimentação saudável aliada a outros bons hábitos, que podem ajudar no fortalecimento do sistema imune e ser úteis no combate a qualquer tipo de doença. A professora de nutrição do Uniceub Pollyanna Ayub explica: “A gente sabe que essas comorbidades para Covid-19, como diabetes, obesidade e colesterol alto, são fatores de risco. Então uma pessoa que tem essas doenças, tem uma inflamação no tecido adiposo, que é indicada pelas altas quantidades de macrófagos (células do sistema imunitário). Com isso, o sistema imunológico está a todo tempo querendo combater essa inflamação. Quando a doença é crônica, o sistema imunológico fica comprometido porque ele está o tempo todo tentando resolver um problema. Por isso é importante mudar o estilo de vida e os hábitos alimentares, para tentar minimizar essa inflamação e, consequentemente, evitar as doenças”, completa a professora.
A nutricionista não recomenda métodos rápidos, mas sim uma mudança efetiva a longo prazo. Procurar repor as vitaminas, fazendo um alimentação adequada e rica em fontes de proteína e fibras, além de incluir frutas, legumes, grãos integrais, etc. Também é importante se atentar à mudança de hábitos. Criar uma rotina, fazer atividade física e ter um bom sono são situações que contribuem para melhora do sistema imunológico, por exemplo. Em todos os casos, o ideal é procurar um nutricionista para montar o plano alimentar conforme as necessidades nutricionais de cada indivíduo, com informações detalhadas sobre o estilo de vida e doenças pré-existentes, e fazer o acompanhamento profissional.