Especialista explica como funcionam os diferentes métodos anticoncepcionais

Os métodos anticoncepcionais são muito importantes para as mulheres por diversas razões: primeiro, porque eles permitem que as mulheres possam ter controle sobre suas vidas reprodutivas, decidindo quando e se querem ter filhos. Além disso, os métodos anticoncepcionais ajudam a prevenir gravidezes indesejadas, impactando significativamente na saúde física e emocional das mulheres.

“Existem muitos métodos anticoncepcionais e não é possível apontar qual o melhor, pois isso varia muito de mulher para mulher”, afirma a ginecologista Ana Gabriela Puel, membro da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil). Segundo ela, para que a mulher faça uma boa escolha, ela precisa conhecer os efeitos colaterais, as formas de apresentações e as contraindicações.

Por isso, a médica detalhou abaixo as formas mais conhecidas de evitar uma gravidez e como eles funcionam. Confira:

– Pílula

A pílula anticoncepcional inibe a ovulação e torna o muco cervical espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides e evitando, assim, a fecundação. Ela é tomada de forma contínua (inibindo assim a menstruação) ou com pausa (com menstruação). Muitas mulheres optam por ela, por ser um método seguro e de fácil acesso.

Porém, a médica lembra que a eficácia das pílulas está relacionada diretamente à sua forma de administração. “Por isso, ela é ideal para mulheres disciplinadas, que nunca esquecem de tomar a medicação”, diz Dra. Ana Gabriela. Segundo ela, a pílula melhora os sintomas da TPM e a cólica, mas pode provocar alguns efeitos colaterais, como enjoo, dor de cabeça, inchaço e alteração do humor.

– Contracepção injetável

Trata-se de um método contraceptivo que possui em sua fórmula a combinação de progestagênio com estrogênio ou progestagênio isolado. A injeção pode ser mensal ou trimestral, e deve ser aplicada na região glútea.

Para os anticoncepcionais mensais, as vantagens e desvantagens são as mesmas da pílula anticoncepcional convencional. Já para os trimestrais, existe a vantagem de serem aplicados a cada três meses, mas podem alterar o padrão da menstruação no início do tratamento. “Além disso, caso a mulher deseje parar o método, vale ressaltar que a capacidade de engravidar pode demorar a retornar, chegando a cerca de nove meses após a última injeção”.

– Anel vaginal

O anel vaginal é um método de contracepção com eficácia superior a 99%. De silicone flexível com apenas cinco centímetros, ele tem em sua composição hormônios comuns ao organismo feminino, sendo eles: progestagênio e o estrogênio.

Conforme a Dra. Ana Gabriela destaca, o item possui baixa dose hormonal. “Enquanto a pílula anticoncepcional pode liberar até 50 mcg ao dia, o anel vaginal libera cerca de 15 mcg. Isso reduz significativamente os efeitos colaterais, além de a sua absorção se dar por um mecanismo diferente, podendo ser utilizada em pacientes que tenham algum distúrbio de absorção intestinal, como as pacientes pós bariátrica”, diz ela.

– Adesivo transdérmico

O adesivo anticoncepcional, também chamado de patch, é um material aderente que deve ser colado na pele da mulher e permanecer na mesma posição por uma semana. Esse método possui em sua fórmula a combinação de dois hormônios: progestagênio e o estrogênio, que são liberados na circulação de forma contínua por sete dias. “Após as três semanas de uso, é necessário fazer uma semana de pausa e trocar o adesivo de lugar”, avisa a médica.

– DIU

Há dois tipos de DIU: com e sem hormônio. Ambos impedem a fecundação, isto é, inviabilizam o encontro do óvulo com o espermatozoide, e a formação do zigoto. “Hoje, o Mirena e o Kyleena (hormonais) duram até 5 anos e ajudam no controle de sangramentos vaginais e na reposição hormonal. O segundo é menor, por isso, é menos desconfortável na introdução. Outra diferença entre eles é a liberação de hormônios: a do Kyleena é menor”, informa a médica.

A versão não hormonal do DIU – de cobre e de prata com cobre – impedem a fecundação ao alterar a secreção uterina, sem impedir a ovulação. “Eles fazem isso através de ação iônica. É ela que torna o útero um ambiente hostil para o espermatozoide”, explica Dra. Ana Gabriela. O DIU não hormonal não interfere na libido feminina, não causa desconforto durante a relação sexual, mas pode aumentar o fluxo menstrual e cólicas. O tempo de validade varia de 3 a 10 anos, dependendo do material escolhido.

– Preservativo masculino

É um contraceptivo utilizado no pênis, para recolher o esperma, impedindo-o de entrar no corpo da mulher. Além de prevenir uma gravidez indesejada, previne também contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). “Mas vale ressaltar que o índice de falha é alto: de 1% a 18%”, lembra a especialista.

– Preservativo feminino

É inserido na vagina antes da penetração do pênis, para impedir a entrada do esperma no útero. O preservativo é pré-lubrificado com silicone, porém, outros lubrificantes, à base de água, podem ser usados para reduzir o desconforto e o ruído que o preservativo feminino pode causar. Este método contraceptivo também reduz o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O índice de falha também é alto e gira em torno de 5% a 21%.

Sobre a Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR)

A AMCR — Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil — é uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária. Fundada em março de 2021, pela médica ginecologista, Prof. Dra. Marise Samama, possui 42 associadas, pós-graduadas da área da saúde, distribuídas em todas as regiões do Brasil. A associação é fruto da vontade dessas mulheres (cientistas, médicas, biomédicas e profissionais de saúde), que defendem a igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da mulher e da ciência e atuação das mulheres nas áreas de saúde feminina e Reprodução Humana. Para saber mais informações, acesse o site.