Psicóloga explica o que é a ansiedade normal e dá dicas para gerir o estresse

Diversas pesquisas apontam o aumento dos relatos sobre a piora da ansiedade após o início da pandemia do coronavírus e de fato, a busca por psicoterapia, sobretudo a online, cresceu vertiginosamente no período. Na Zero Barreiras, empresa de psicoterapia online, por exemplo, o aumento foi de 1700%. Uma das tarefas do psicólogo é mapear o grau de ansiedade das pessoas para avaliar até que ponto são normais ou em níveis aceitáveis ou realmente merecem uma intervenção terapêutica.

De acordo com a psicóloga da Zero Barreiras, Carine Lopes, a ansiedade é um mecanismo natural do corpo que vem do instinto de sobrevivência e na dose certa, até faz bem para que haja precaução. “A ansiedade humana fundamental se manifesta de maneira diferente, de acordo com estímulos e situações diferentes. E é sempre a resposta a um medo. Temos que sentir medo, por exemplo, de predadores. Mas a vida moderna trouxe uma série de outros medos: errar nas atividades do trabalho, perder o trabalho, não atender expectativas de chefes exigentes demais, não conseguir educar bem crianças desafiadoras, incertezas econômicas, doenças, violência urbana, insucesso nos relacionamentos amorosos. O problema é quando os medos impedem que a pessoa enfrente as situações cotidianas com a coragem que precisa. É quando a ansiedade se torna um problema. E a pessoa não consegue viver sua vida de maneira plena. A pessoa que sofre de ansiedade tem preocupação com tudo o que ela acha que foge ao seu controle, com o possível e não possível; com o próprio estado de preocupação. Já a situação estressante positiva não paralisa, exalta a adrenalina e dá coragem, energia, consciência e confiança para fazer o que é preciso em momentos difíceis da vida. No caso da pandemia, o estado de alerta causado pela ansiedade pode ser um grande aliado ao sair de casa e se atentar em não esquecer a máscara e álcool em gel”, lembra.

A psicóloga lembra que as conversas com pacientes giram em torno de as pessoas entenderem que está tudo bem em sentir mais ansiedade e medo neste cenário em que vivemos. Que não sentir angústia neste momento é até estranho. “Quem não se entristeceu é porque não sente empatia e é até preocupante. Vivemos um momento de depressão coletiva. Só não podemos ficar paralisados diante dos problemas. Temos que buscar alternativas porque se não os problemas vão aumentando. Gerenciar o estresse é a saída”, afirma. Confira abaixo as dicas para gerir a ansiedade:

7 dicas importantes para gerir sua ansiedade:

· Esteja atento aos seus padrões de pensamento e observe se são produtivos ou não. Um exemplo é você se preocupar demais com situações que não são controláveis ou não estão ao seu alcance. Ou criar medos excessivos por situações que quase nunca ocorrem em sua vida.

· Procure focar sua atenção no momento presente. Faça uma coisa de cada vez.

· Reserve 30 minutos por dia para pensar em todas as suas preocupações. Permita-se pensar livremente, sem repressão ou julgamentos, mas não ultrapasse esse tempo. Aproveite para fazer uma lista das preocupações e imagine ações concretas e específicas para solucioná-las.

· Identifique e pratique atividades que prendam a sua atenção e sejam prazerosas para você. Como exemplos: atividade física, brincar com jogos de tabuleiro, costurar, tricotar, tocar um instrumento, ler um livro ou assistir um filme bacana, inspirador, trocar carinho com um pet, ouvir música, contemplar a natureza.

· Procure avaliar as situações ou pessoas que você costuma evitar para não se sentir ansioso e ao invés de evitar, tente enfrentá-los. À medida que isso acontece, seu sistema de alarme passa a não ver as situações ou pessoas como tão perigosas e a ansiedade tende a diminuir.

· Concentre-se na sua respiração, praticando-a de forma controlada e aceite que pensar e se preocupar faz parte da condição humana. Coisas boas e ruins acontecem independente da intensidade da sua preocupação.

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