Estudos analisam uso da aspirina contra o câncer
O oncologista Ramon Andrade de Mello explica que ainda é cedo para o uso do medicamento nos tratamentos oncológicos
O Journal of Clinical Oncology publicou recentemente uma revisão de 17 pesquisas mostrando que o ácido acetilsalicílico, conhecido comercialmente como aspirina, pode reduzir em 13% os casos de tumores oncológicos no ovário. Os estudos envolveram mais de 8,3 mil pessoas e mostrou que mulheres com múltiplos fatores de risco para câncer de ovário, apresentando mutações em genes específicos, tiveram um risco menor de desenvolvimento da doença.
“Ainda é muito cedo para a recomendação desse medicamento como forma de tratamento. O câncer é uma doença inflamatória, com crescimento desenfreado de células, que formam os tumores malignos. A hipótese dos estudos é que o uso de um anti-inflamatório de baixa potência poderia reduzir o câncer em geral”, explica o médico Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal.
Um outro estudo com 3.021 participantes diagnosticadas com câncer de mama específico acompanhou mulheres de 18 a 70 anos, por 20 meses. O resultado mostrou que não houve risco menor de recidiva do tumor no grupo que tomou o medicamento, bem como naquele com placebo. “Por isso, não se deve tomar o medicamento como forma de prevenção. O uso indiscriminado de ácido acetilsalicílico pode trazer riscos à saúde”, orienta o oncologista.
Segundo ele, para pacientes em pós-operatórios e aqueles com doenças hematológicas, a droga pode provocar sangramento. “Se os estudos comprovarem sua eficácia, ela pode ser administrada em conjunto com outros procedimentos. A aspira, por exemplo, atua na enzima responsável pelo crescimento, invasão e metástase do tumor”.
Sobre Ramon Andrade de Mello
Pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), Ramon Andrade de Mello tem doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).
O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é Coordenador Nacional de Oncologia Clínica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, membro da Royal Society of Medicine, London, UK, do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology — ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology — ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology — ASCO).
Dr. Ramon de Mello é oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.
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