Realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, o objetivo do evento foi justamente discutir o futuro da saúde para farmacêuticos e enfermeiros oncológicos.

Nenhuma tecnologia em saúde deve afastar o paciente do centro do cuidado. Esta ideia foi o fio condutor de todas as discussões sobre a relação entre saúde e inovação tecnológica na oncologia durante a 5ª edição do Meeting the Minds Enfermeiros e Farmacêuticos, realizado pela Libbs no Museu do Amanhã. Em que circunstâncias a tecnologia aproxima ou afasta os profissionais do paciente, que precisa ser o foco do cuidado? Médico e mestre em ciência da computação em inteligência computacional, o palestrante Victor Gadelha foi enfático ao afirmar que “se a tecnologia não vier para estreitar as relações, não deveria ser utilizada”.

Gadelha foi um dos participantes da mesa A indissociabilidade da saúde e da tecnologia na oncologia, na qual foram debatidos os impactos das inovações tecnológicas na assistência, o uso da Inteligência Artificial no monitoramento de evento adverso e as implicações do Chat GPT no ensino, pesquisa e no atendimento. Essa mesa foi moderada pelo médico Nivaldo Farias Vieira, doutor em medicina que trouxe leveza para a discussão, emprestando a sua vasta experiência com o tema. O levantamento eficiente de dados a serem transformados em informações relevantes que apontem onde é preciso fazer melhorias dentro de um hospital, por exemplo, é uma tarefa que deve ser realizada com apoio tecnológico. Tarefas burocráticas e administrativas, que tomam parte do tempo das equipes de enfermeiros e farmacêuticos no dia a dia, também podem ser otimizadas por meio de novas tecnologias, para fazer com que esses profissionais tenham mais tempo para dar atenção direta aos pacientes.

Quanto mais dados, melhor

“Quanto mais dados levantarmos, maior a assertividade das ações”, apontou a farmacêutica Carolina Schwarzbold. Na mesma linha, a enfermeira doutora em gerenciamento em enfermagem Elizabete Mitsue compartilhou suas experiências no desenvolvimento de um aplicativo a ser utilizado por pacientes no pronto-atendimento, que teve o lançamento adiado diversas vezes por erros que poderiam ter sido evitados caso os potenciais usuários da ferramenta tecnológica tivessem sido ouvidos. “Nosso cotidiano é tecnologia, as pessoas querem essa agilidade. Na saúde, como a gente cocria com o paciente? O que ele quer? O que ele espera? É preciso conhecê-lo bem e ouvi-lo sempre para atuar da melhor forma”, afirmou Drª Mitsue.

Equilíbrio financeiro

No entanto, para investir em inovação, em novas tecnologias que aprimorem o atendimento aos pacientes e melhorem as condições de trabalho nos ambientes hospitalares, por exemplo, é preciso que haja equilíbrio financeiro nas instituições. Por isso, o farmacêutico consultor em economia da saúde, Wilson Follador, foi um dos convidados do Meeting the Minds Enfermeiros e Farmacêuticos.

Na palestra Farmacoeconomia – Sustentabilidade das instituições, o especialista defendeu a busca pelo equilíbrio entre produção e consumo em saúde, em prol da capacidade de nós mesmos e das gerações futuras poderem atender às suas próprias necessidades. Follador alertou para o crescimento dos custos da saúde em todo o mundo, destacou a necessidade de usar os recursos disponíveis com inteligência e deixou uma mensagem final: “quem não quiser fazer parte da solução pode se tornar parte do problema.” Essa mesa foi moderada pelo farmacêutico David Silva Araújo que provocou a discussão com exemplos práticos do uso da farmacoeconomia nas instituições de saúde.