Médico analisa como calendário de eventos pode ajudar a definir os protocolos para uma retomada de atividades efetivamente segura e destaca “é uma iniciativa válida, mas precisa ser bem planejada e cuidadosamente executada”

Dados apresentados pela Associação Brasileira dos Produtores de Eventos (Abrape) apontam que cerca de 97% do setor foi paralisado por conta da pandemia, um percentual que resultou em mais de 450 mil empregos perdidos e em prejuízos que superam R﹩ 90 bilhões em faturamentos que não chegaram às receitas das empresas em 2020.

Diante dos impactos negativos e para garantir sucesso da retomada de eventos, até o final deste mês o Governo de São Paulo realiza uma série de atividades presenciais monitoradas. O objetivo é avaliar a efetividade dos protocolos propostos, para que a retomada do setor de eventos seja efetiva e segura.

De acordo com o Governo, nestes eventos-teste todos os participantes serão testados e acompanhados por duas semanas, para assim criar um plano responsável para que no próximo semestre as atividades com a presença de público sejam realizadas com menos riscos de exposição ao Coronavírus.

O médico patologista clínico do Grupo Sabin, Dr. Alex Galoro analisa a estratégia como funcional e observa que essa iniciativa de testagem é “válida, desde que seja realizada de forma estruturada para que o estudo seja assertivo e permita a implantação de protocolos eficazes para a retomada dos eventos”. O especialista destaca ainda que como os testes utilizados serão os de antígeno, que entregam resultados mais rápidos – mas têm menor sensibilidade do que os testes de PCR COVID – há necessidade de avaliar se a possibilidade de resultados falso negativos pode permitir a contaminação do público exposto.
Galoro observa ainda que com público limitado, pessoas testadas e acompanhadas pós-evento, é possível que o plano seja bastante assertivo, mas pondera “tudo deve ser meticulosamente calculado e estudado para minimizar qualquer impacto negativo neste processo de retorno das atividades e retomada da economia”.
O plano anunciado pelo Governo de São Paulo inclui ainda a promoção de um curso de biossegurança de protocolos sanitários. “Essa atenção na capacitação dos profissionais que atuam em eventos, festa e ambientes fechados como restaurantes e bares pesa a favor da iniciativa, porque eles são os mais expostos aos riscos e precisam de uma atenção especial”, destaca o médico.
Além de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina também anunciaram que pretendem realizar eventos-testes nos próximos meses. “De uma forma geral, o mais importante é que todo este trabalho atenda os critérios científicos. Estamos diante de uma nova variante, que já provocou duas mortes, e com índices de vacinação ainda abaixo da média global. Portanto, é importante que as autoridades estejam atentas ao todo antes de dar novos passos e que as pessoas não se descuidem dos hábitos de saúde, como lavar as mãos, usar máscaras e álcool em gel”, conclui.