A doença pode ser controlada com alimentação saudável e exercícios físicos. Exames de imagem podem ajudar o diagnóstico

A esteatose hepática, geralmente chamada de “gordura no fígado”, é considerada a doença mais comum deste órgão em grande parte dos países industrializados e está associada a fatores de risco como diabetes tipo 2, obesidade, síndrome metabólica e dislipidemias, causadas por elevados níveis de gordura no sangue. Também está associada ao uso de anabolizantes ou exposição a produtos químicos nocivos ao órgão.

De acordo com o Dr. Raphael di Paula, cirurgião oncológico e coordenador do grupo de Fígado, Pâncreas e Vias Biliares do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pessoas não consideradas obesas ou com sobrepeso pelo índice de massa corpórea também podem estar acometidas sem saber. “Ela é uma doença silenciosa, que não apresenta sinais muito evidentes de seu desenvolvimento, podendo causar vários problemas. Existe um componente genético. Mas não se sabe exatamente todos os fatores que causam a esteatose, sendo que o estilo de vida do paciente pode agravar uma condição já existente”, avisa.

Embora o Brasil não conte com informações oficiais sobre a doença, o número de casos tem aumentado no país e no mundo, segundo o especialista, principalmente em pessoas com mais de 40 anos, mas também tem sido possível perceber um aumento no número de crianças e adolescentes diagnosticadas com a doença, devido a fatores genéticos e sedentarismo, associados à ingestão de alimentos industrializados.

Para o cirurgião, o aumento do número de diagnósticos está ligado também a um maior número de pessoas que têm feito exames de ultrassonografia de rotina, capazes de identificar a doença. “Um ultrassom abdominal, se bem feito, pode identificar alguma irregularidade, indicando a necessidade de outros estudos de imagem e, até mesmo, biópsia, para que se saiba o grau e iniciar o tratamento o mais precoce possível”, avalia.

Problemas decorrentes

De acordo com di Paula, a esteatose pode se apresentar em três estágios: leve, moderada ou grave. Nos casos graves, o paciente pode apresentar uma esteatohepatite que, se não tratada, tem grande chance de evoluir para uma cirrose hepática e, nos casos mais graves, a câncer no fígado.

Atualmente, o tratamento da doença é feito com mudanças no estilo de vida do paciente, baseado em uma dieta mais saudável, evitando-se a ingestão de alimentos processados. Exercícios físicos aeróbicos, praticados com regularidade, também fazem parte do controle da enfermidade. Inúmeras drogas têm sido testadas, mas ainda sem comprovação científica de eficácia.

Recomendações

O médico explica que a esteatose hepática mostra poucos sinais de sua presença e que, na maioria das vezes, os pacientes são assintomáticos. Em alguns casos, no entanto, a doença pode provocar fadiga ou desconforto abdominal. Normalmente, é diagnosticada por meio de exames de imagens, como ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética, além de uma biópsia para determinar o grau. “A realização de um acompanhamento regular com eu médico é importante porque ele pode solicitar exames que podem ajudar a diagnosticar a doença mais cedo.Manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, exercícios físicos e pouca ou nenhuma ingestão de álcool também auxiliam no não agravamento da doença também são indicados”, afirma.