Grávidas x Coronavírus: Entenda como a Covid-19 pode afetar a gestação

Especialista da Criogênesis esclarece dúvidas que costumam surgir a respeito dos riscos que a doença pode causar em gestantes

O cenário de incertezas causado pela pandemia da Covid-19 ainda gera muitas questões sobre o comportamento do vírus no organismo, em especial no de mulheres grávidas. Durante a gestação, o sistema imunológico funciona em prol da segurança do feto e, muitas vezes, se torna mais propenso à infecção de doenças respiratórias. Por esse motivo, o Ministério da Saúde as classificou como grupo de risco do coronavírus e as categorizam como “Casos Especiais”, onde o atendimento deve ser priorizado.

Apesar da preocupação, um artigo publicado na plataforma americana National Center for Biotechnology Information descreve uma pesquisa, realizada em Nova York, com 43 mulheres grávidas infectadas pela Covid-19, o qual aponta que o grupo tem as mesmas chances que mulheres não grávidas em desenvolver quadros críticos da doença.

Segundo Dr. Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP, a maior preocupação está com as gestantes que possuem fatores de risco ao Coronavírus, como obesidade, hipertensão e diabetes. “Esses problemas facilitam as complicações do sistema respiratório, que quando comprometido, pode diminuir a quantidade do líquido amniótico e a oxigenação na placenta, dificultando o desenvolvimento do feto”, informa.

Como a doença está relacionada ao risco de parto prematuro, muitas dúvidas também surgem a respeito da vacina. O Ministério da Saúde ressalta que a eficácia dos imunizantes não foi testada no grupo de gestantes, impossibilitando resultados conclusivos sobre a inclusão do grupo na lista de prioridades. “Ainda assim, profissionais da saúde, professoras e demais mulheres que se apresentem nessas condições e tenham um cargo de risco, podem conversar com seus médicos sobre o assunto e optarem por serem vacinadas”, afirma o especialista.

Um novo estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology indicou que mulheres grávidas que desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus podem transmitir as proteínas de defesa para os bebês. A análise de 88 amostras identificou anticorpos no sangue do cordão umbilical, sugerindo que as vacinas são capazes de proteger a mãe e o filho. “Porém, o estudo ainda é muito escasso e depende da comprovação por meio da análise de grupos maiores”, pontua Dr. Nelson.

De acordo com o médico, os dados científicos sobre o uso dos imunizantes em gestantes são muito escassos e as diretrizes sobre o uso ou não de cada imunizante muda diariamente. “Embora as vacinas existentes no Brasil-Coronavac, Astrazeneca e Pfizer- sejam liberados teoricamente para gestantes, casos relatados de efeito colateral grave em gestantes após o uso de Astrazeneca impediram a continuidade do seu uso neste grupo “, aponta. “A complexidade envolvida no uso emergencial de vacinas testadas em curto espaço de tempo, obriga que cada gestante busque o auxílio de seu médico para avaliar corretamente o risco da gestação em relação ao coronavirus.

Dr. Nelson também reforça sobre a importância do pré-natal: “Fazer exames de rotina, ter acompanhamento médico e as vacinas em dia, como a da gripe, são essenciais para uma gestação saudável, que mantenha a mãe e o bebê longe de qualquer risco até o parto. Além disso, manter os protocolos de higiene contribui com o bem-estar durante a pandemia”, conclui.