Médico alerta para os exageros, tanto de pacientes, quanto de especialistas

De 2018 para cá, os procedimentos estéticos minimamente invasivos e não cirúrgicos atingiram a marca de 49,9% das buscas nos consultórios de cirurgiões plásticos, de acordo com o censo da Sociedade Brasileira da categoria. Entre os mais procurados, está a harmonização facial, que caiu no gosto dos brasileiros, motivados por famosos e influenciadores digitais. Mas, e quando o procedimento não dá certo? O médico e cirurgião plástico, Arthur Barros, faz alertas importantes quanto aos exageros.

“Demonização facial”, esse termo impactante – e até uma forma de fomentar o bullying -, é a nova forma que as páginas de humor na internet têm utilizado para chamar os casos de deformação, resultados de procedimentos estéticos falhos ou exagerados. A última a ser assunto na internet foi a cantora e ex-bbb, Gabi Martins, que, em maio, postou em suas redes sociais seu novo visual e foi duramente criticada pelos usuários, chegando a ter seu rosto comparado ao personagem “Shrek”, filme de 2002 da DreamWorks Animation.

Arthur, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), explica que existem áreas na face que exigem atenção e conhecimento profundo do profissional para que não ocorram esses incidentes. “A região ao redor dos olhos, da maçã do rosto, do chamado ‘bigode chinês’ e dos lábios, são áreas que demandam mais atenção, mas que, com frequência, observamos exageros que podem levar a deformidades muito visíveis”. Assim como no caso das alterações faciais realizadas pelo cantor “The Weeknd”, onde suas escolhas chocaram os fãs e até os especialistas mais experientes.

A desinformação que leva ao exagero é tanta que, na plataforma Twitter, por exemplo, é comum ler pedidos para que os famosos continuem investindo em “demonizações”, com o objetivo de levar o padrão de beleza a um novo patamar, assim, dando oportunidade para aqueles que se consideram “feios ou normais” de estarem, enfim, dentro deste padrão. Mas por quê as harmonizações faciais vistas na internet dão tão errado? Para Barros, não é a gama de procedimentos que está incorreto, mas o exagero dos pacientes e a falta de recusa dos médicos. “Infelizmente, ainda há profissionais que atendem a desejos de mudança que vão além do que seria adequado esteticamente, promovendo verdadeiras deformidades nesses pacientes”, lamenta.

Quais são os riscos de uma harmonização facial que deu errado?

Partindo para além do meme e das deformações, quais são os riscos trazidos pelos exageros nos procedimentos estéticos faciais? “Em casos leves, o mau resultado pode ser temporário e de fácil resolução, mas existem os graves, onde ocorre necrose de pele por injeção inadvertida nos vasos da região ao redor do nariz, que pode comprometer a circulação sanguínea do local e dos lábios. Em casos extremos, quando as aplicações são próximas aos olhos, podem levar à cegueira”, adverte Arthur.

A “harmonização facial” que, na verdade, são vários procedimentos estéticos realizados com a intenção de realçar a beleza natural do paciente e modificar as áreas com aspecto inestético, é caracterizada como um conjunto de técnicas. Entre elas estão o preenchimento com ácido hialurônico, estimuladores de produção de colágeno, fios de sustentação, entre outras, podendo ser grandes aliadas à autoestima. “A melhor forma de conseguir um resultado satisfatório é buscando um profissional habilitado, com especializações em Cirurgia Plástica ou Dermatologia no Conselho Federal de Medicina”, aconselha o cirurgião, que completa a recomendação aos interessados. “Ao conversar com o seu médico, dê preferência para se submeter aos procedimentos estéticos em duas etapas. Esta é uma forma eficaz de prevenir exageros e você ainda terá menor inchaço no local”, finaliza.

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